Edinho Silva, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e ex-prefeito de Araraquara, foi eleito novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) após o Processo de Eleição Direta (PED) realizado no último domingo (6). Para especialistas, sua vitória sinaliza a continuidade da frente ampla, mantendo a aproximação com partidos de centro.
Embora a apuração dos votos ainda não estivesse concluída, o atual presidente do PT, senador Humberto Costa (PE), anunciou a vitória de Edinho Silva com uma margem superior a 60% dos votos. Essa expressiva vantagem reforça o apoio da base petista ao ex-ministro.
Edinho era considerado o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apontado como uma opção mais moderada dentro da disputa. Além dele, concorreram à presidência do PT os deputados federais Rui Falcão (SP), Romênio Pereira e Valter Pomar.
Como foi o PED 2025
- A votação do PED ocorreu no domingo (6/7), para eleição das das direções municipais, estaduais e nacional do PT.
- A apuração dos votos ainda não foi concluída, no entanto, o senador Humberto Costa (PE), atual presidente do PT, anunciou a vitória da chapa da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB).
- Todos os votos ainda não foram computados, uma vez que Minas Gerais, terceiro maior colégio eleitoral do PT, enfrenta uma disputa judicial entre chapas locais o que levou ao adiamento da votação.
- Apesar da disputa nos tribunais, a Executiva Nacional do PT decidiu divulgar os resultados, em virtude que o atraso não iria comprometer o resultado nacional.
- A batalha na Justiça acontece depois que a deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) teve a candidatura à presidência estadual de Minas indeferida por não quitar em tempo as contribuições partidárias obrigatórias.
De acordo com Marco Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Edinho Silva simboliza uma linha mais pragmática dentro do PT, em contraste com Rui Falcão, cuja candidatura representa uma esquerda mais combativa.
“Uma candidatura que, de certa forma, reflete mais a necessidade, de um lado, de fazer alianças para governar, e de outro; de tentar restabelecer aquilo que foi chamado a frente ampla, de um arco de alianças, não apenas à esquerda mas também ao centro”, explica Marco Pereira.
O cientista político complementa destacando que Edinho deverá adotar um posicionamento menos agressivo, distante da atual campanha do PT intitulada “nós contra eles”, tentando uma postura mais voltada para o diálogo institucional.
“A campanha, por mais que ela seja uma espécie de campanha anti-sistema, e o PT sempre reclamou muito da campanha anti-sistema quando era feita pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro, talvez o efeito mais positivo dela para o governo foi acuar o Congresso. Mostrar que o Congresso enfrenta algumas pautas, outras não. Derruba a IOF, mas não quer taxar grandes fortunas”, salienta Marco Pereira.
Conciliador
O cientista político João Feres Júnior, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), ressalta que Edinho Silva possui um perfil mais conciliador, o que pode fortalecer a campanha de Lula no período pré-eleitoral, especialmente diante dos desafios e desgastes públicos enfrentados.
“Ele é um petista histórico, entrou no partido muito jovem, ainda quando da fase de criação do partido. Tem um perfil conciliador, no bom sentido do termo, pois isso é necessário para um partido do tamanho do PT e que ocupa a presidência. Seria muito ruim para Lula ter um presidente de seu partido que lhe criasse problemas neste momento pré-eleitoral, com tensionamentos públicos, por exemplo”, afirma João Feres.
Agora, após oito anos de liderança de Gleisi Hoffmann, Edinho Silva assume a presidência do PT. Gleisi deixou o comando da sigla para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), tendo repassado o cargo de forma temporária ao senador Humberto Costa.