Desde o início do governo Trump, o Brasil foi preterido na escolha de chefes para missões diplomáticas dos EUA, mesmo antes da recente crise tarifária. Dados da Casa Branca e do Congresso americano revelam que, desde 2017, foram indicados 61 embaixadores para diversas nações.
Apesar desse cenário, a embaixada norte-americana em Brasília está sob a responsabilidade do encarregado de negócios Gabriel Escobar desde janeiro. Embora conte com passagens por postos estratégicos como Iraque, Paquistão, Rússia e Itália, Escobar não ocupa o nível de um embaixador de carreira.
No universo diplomático, manter uma missão sem embaixador é interpretado como um sinal de descontentamento. A permanência de um encarregado de negócios no Brasil reforça a mensagem de frieza nas relações entre Washington e Brasília.
Conforme levantamento da Associação do Serviço Exterior Americano (AFSA), apenas três dos 61 nomeados por Trump são diplomatas de carreira — os demais 58 são indicados por critérios políticos. Não há previsão de quando, ou se, um novo embaixador será enviado ao Brasil, e Escobar segue como principal ponto de contato nas negociações sobre a tarifa de 50% às exportações brasileiras.
Carta ignorada
Até agora, não houve nenhum contato direto entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, responsável pela diplomacia norte-americana no governo Trump.
Em audiência na Câmara dos Deputados, realizada em maio, Mauro Vieira revelou que, logo no início da nova administração nos Estados Unidos, enviou uma carta a Rubio colocando-se à disposição para dialogar sobre temas de interesse comum entre Brasil e EUA.
Segundo o próprio chanceler, a correspondência não obteve resposta, reforçando o atual momento de impasse diplomático entre os duas nações.