quinta-feira, julho 31, 2025
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Pressionado, Israel volta a permitir ajuda humanitária aérea em Gaza

Israel vai autorizar, a partir desta sexta-feira (25), que países estrangeiros retomem o lançamento de ajuda humanitária aérea para a Faixa de Gaza. A informação foi divulgada pela rádio do Exército israelense, com base em declarações de um oficial militar.

Essa modalidade de envio de suprimentos já havia sido permitida em momentos anteriores do conflito entre Israel e o grupo Hamas, iniciado após o ataque de 7 de outubro de 2023, que resultou em 1.200 israelenses mortos e cerca de 250 pessoas feitas reféns.

O restabelecimento da permissão ocorre em meio ao agravamento da crise humanitária em Gaza, onde cresce a escassez de alimentos e o número de pessoas em situação de desnutrição. A comunidade internacional tem aumentado a pressão sobre Israel para ampliar o acesso a ajuda humanitária no território.

A Organização das Nações Unidas classificou a situação atual como um verdadeiro “show de horrores”. Mais de 100 organizações não governamentais alertam para uma “fome em massa” entre os cerca de dois milhões de palestinos que vivem em Gaza.

Segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), pelo menos 45 pessoas morreram de fome apenas nesta semana. Relatos de desnutrição severa e condições extremas têm se tornado cada vez mais frequentes, reforçando o apelo global por ações emergenciais.

Na última quinta-feira (24), a agência Reuters divulgou um vídeo com cenas comoventes de crianças palestinas em estado de desnutrição severa sendo tratadas em um hospital de Khan Younis, na Faixa de Gaza.

O governo de Benjamin Netanyahu tem sido alvo de críticas pelo modelo adotado para a distribuição de ajuda humanitária no território. Em sua defesa, Israel responsabiliza tanto a ONU quanto o grupo terrorista Hamas por dificultarem o acesso dos alimentos à população palestina. Organizações da ONU e ONGs, por sua vez, alegam que têm sido impedidas de operar em Gaza e acusam o governo israelense de sabotar a criação de um sistema humanitário eficaz.

Especialistas apontam que os lançamentos aéreos, embora simbólicos, são limitados em alcance e eficiência. Eles destacam que não há garantia de que os suprimentos lançados realmente cheguem a quem precisa. Para a ONU, a maneira mais efetiva de socorrer os palestinos seria através da liberação total das rotas terrestres para a entrada da ajuda humanitária.

Segundo o Programa Mundial de Alimentos (WFP), a fome em Gaza atingiu “níveis surpreendentes de desespero”, com cerca de um terço da população sem acesso a refeições durante dias consecutivos. O alerta reforça o cenário de calamidade vivido por milhões de pessoas no território.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou na quarta-feira que, somente em 2025, ao menos 21 crianças com menos de cinco anos morreram por desnutrição em Gaza. Esses dados escancaram o colapso do sistema de assistência e a urgência de soluções eficazes.

“‘As pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes’: disse-me um colega em Gaza nesta manhã”, disse Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, na quinta-feira (24).

“Enquanto isso, de acordo com as últimas descobertas da UNRWA: uma em cada cinco crianças está desnutrida na cidade de Gaza, com o número de casos aumentando a cada dia […]. A maioria das crianças atendidas por nossas equipes está fraca e corre alto risco de morrer se não receber o tratamento de que necessita urgentemente.”

O conflito em Gaza teve início em 7 de outubro de 2023, quando integrantes do grupo Hamas realizaram um ataque ao território israelense, matando 1.219 pessoas, segundo dados oficiais.

Em resposta à ofensiva, Israel lançou uma operação militar em larga escala contra a Faixa de Gaza. De acordo com o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas, mais de 59.100 palestinos morreram desde então — a maioria das vítimas são civis.

Israel diz que ONU se recusa a distribuir ajuda

O Exército de Israel negou estar impedindo a entrada de ajuda humanitária em Gaza e afirmou que cerca de 950 caminhões com suprimentos já se encontram do lado palestino da fronteira, prontos para serem recolhidos e distribuídos por organizações internacionais.

“Centenas de caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza com a aprovação de Israel, mas os suprimentos estão parados, sem serem entregues. O motivo? A ONU se recusa a distribuir a ajuda. O Hamas e a ONU impedem que a ajuda chegue aos civis em Gaza. O mundo merece saber a verdade”, disse o governo israelense.

A ONU afirma que não tem como confirmar as explicações dadas por Israel, pois seus agentes não tiveram permissão para acompanhar as travessias com ajuda humanitária.

“Apesar de nossos repetidos pedidos, Israel não permitiu a presença da ONU nas travessias, que são áreas militarizadas”, disse Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Gaza Humanitarian Foundation

Desde o final de maio, quando Israel reabriu as fronteiras de Gaza para a entrada de ajuda humanitária após meses de interrupção, a distribuição dos alimentos tem sido realizada pela organização Gaza Humanitarian Foundation (GHF).

A GHF enfrenta críticas da ONU e de outras agências humanitárias devido às suas origens pouco claras e à falta de experiência em operações de emergência similares.

Na última quarta-feira, a fundação se ofereceu à ONU e a outras entidades para entregar toda a ajuda que possui atualmente de forma gratuita, diante do agravamento da fome na região.

No entanto, os centros de distribuição da GHF têm sido palco de conflitos quase diários, com relatos de palestinos feridos e mortos por tiros disparados por membros da própria fundação, responsáveis pela manutenção da ordem nos locais.

De acordo com a ONU, mais de 1.000 palestinos já perderam a vida em incidentes relacionados às operações da Gaza Humanitarian Foundation (GHF) desde o início de suas atividades.

“O tempo é curto. As pessoas estão morrendo de fome”, afirmou Johnnie Moore, presidente executivo da fundação.

A GHF declara ter distribuído quase 1,5 milhão de caixas de alimentos em Gaza, mas enfrenta rejeição da ONU e das principais organizações humanitárias, que temem que a fundação esteja servindo a interesses militares israelenses e viole princípios básicos do direito humanitário.

Juliette Touma, porta-voz da UNRWA, ressaltou que a agência da ONU para refugiados palestinos possui cerca de 6.000 caminhões com alimentos e medicamentos estocados na Jordânia e no Egito, porém não tem permissão para enviar essa ajuda a Gaza desde 2 de março.

Apesar da GHF ter estabelecido quatro pontos de distribuição, Touma destacou que a ONU e outras organizações humanitárias contavam com 400 centros antes de serem fechados por Israel em março.

Fonte: Política Alagoana

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