quinta-feira, julho 31, 2025
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“Não há vencedores em guerras tarifárias”, diz Lula em meio a crise com Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento em rede nacional na noite dessa quinta-feira (17), no qual detalhou as medidas que o governo brasileiro pretende adotar diante da taxação de 50% sobre produtos nacionais, imposta pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Em pouco mais de quatro minutos, Lula classificou como “chantagem inaceitável” a carta enviada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e reforçou que “não há vencedores em guerras tarifárias”.

“Realizamos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos e encaminhamos, em 17 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse.

Lula reservou parte de seu pronunciamento para criticar políticos brasileiros que, segundo ele, estariam apoiando a medida norte-americana. “Minha indignação é ainda maior ao saber que esse ataque ao Brasil conta com o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no ‘quanto pior, melhor’. Não se importam com a economia do país nem com os prejuízos causados ao nosso povo.”

O mandatário reforçou ainda que “não há vencedores em guerras tarifárias”. “Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações. Mas que ninguém se esqueça: o Brasil tem um único dono – o povo brasileiro.”

Atuação das plataformas digitais

O presidente também abordou a atuação de plataformas digitais no país e reiterou que empresas estrangeiras devem se submeter às leis brasileiras. “No Brasil, ninguém está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que utilizam as redes digitais para aplicar golpes e fraudes, cometer crimes de racismo, incentivar a violência contra as mulheres, atacar a democracia, além de espalhar ódio, violência e bullying entre crianças e adolescentes — em alguns casos, levando à morte — e desacreditar as vacinas”, declarou.

Lula defendeu o diálogo com diferentes setores da sociedade como forma de enfrentar os impactos econômicos da taxação. “Estamos nos reunindo com representantes dos setores produtivos, da sociedade civil e de órgãos fiscalizadores. Esta é uma grande ação conjunta, que envolve a indústria, o comércio, o setor de serviços, o setor agrícola e os trabalhadores.”

O presidente ainda afirmou que o Brasil continuará apostando nas relações diplomáticas com os EUA e com outros parceiros internacionais. “Seguiremos apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais, não apenas com os Estados Unidos, mas com todos os países do mundo”, disse. “A primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade.”

Em defesa do comércio brasileiro, Lula contestou as alegações de práticas desleais. “São falsas as alegações sobre práticas comerciais desleais por parte do Brasil. Os Estados Unidos acumulam, há mais de 15 anos, superávit comercial de 410 bilhões de dólares.”

Pix

O presidente também rebateu críticas ao sistema de pagamentos brasileiro, alvo indireto da carta de Trump. “O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo — e vamos protegê-lo.”

Lula encerrou o pronunciamento com um apelo à união nacional e à confiança no país. “O Brasil é muito maior do que qualquer ameaça. Nossa força está na união do nosso povo. Juntos, com diálogo, coragem e amor pelo Brasil, vamos vencer mais esse desafio.”

Mais cedo, o presidente Lula ampliou sua resposta à medida norte-americana em uma entrevista à CNN dos Estados Unidos. Na conversa com a emissora, ele alertou que a tarifa anunciada por Donald Trump trará prejuízos diretos aos consumidores norte-americanos, encarecendo produtos importados do Brasil. Lula também afirmou que a retaliação comercial não influenciará o andamento das investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Primeiro pronunciamento em contexto positivo

Este pronunciamento foi o terceiro convocado por Lula em 2025. O primeiro ocorreu em fevereiro, quando o presidente buscava recuperar a popularidade desgastada pela crise do Pix, intensamente explorada pela oposição. Na ocasião, Lula reforçou programas sociais em uma peça assinada por seu novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, mas sem apresentar medidas inéditas.

Já em abril, o petista voltou à TV em meio ao Dia do Trabalhador. No discurso, tentou adotar um tom propositivo ao defender o fim da escala de trabalho 6×1, mas acabou também tendo que justificar sua gestão diante das denúncias envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que desviou parte do foco da agenda trabalhista.

Diferente das aparições anteriores, o pronunciamento atual ocorre em um momento de recuperação da imagem do governo. O Planalto avalia que a retaliação comercial imposta pelos Estados Unidos uniu Lula a setores tradicionalmente mais alinhados à direita, como o agronegócio e o empresariado. Além disso, o governo também ganhou fôlego com o desgaste recente do Congresso, que enfrentou forte rejeição popular ao tentar barrar a taxação dos super ricos e por aprovar medidas que aumentaram a conta

Fonte: Política Alagoana

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