A tensão entre o deputado federal Arthur Lira (PP) e o senador Renan Calheiros (MDB) voltou a subir de tom em Brasília, arrastando a bancada federal de Alagoas para um dos confrontos mais duros dos últimos anos. No centro da crise entre os dois ‘gigantes’ da política alagoana está a assinatura para validar as emendas de bancada ao Orçamento de 2026.
O processo está travado após Renan se recusar a endossar o documento preparado pelo coordenador da bancada, deputado Paulão (PT), com apoio de Arthur Lira. O senador sustenta que há irregularidades na forma como as emendas foram organizadas, especialmente pela tentativa de dividir individualmente valores que, pela regra vigente, deveriam ser coletivos e destinados a investimentos estruturantes.
Renan afirma que só assinará o encaminhamento se tudo seguir estritamente a legislação e as decisões que regulam o uso das emendas impositivas. Do outro lado, Arthur Lira tenta empurrar o desgaste para o adversário e agora acusa Renan de buscar holofotes.
A declaração, repercutida em veículos nacionais, revela o escalonamento da disputa. Para aliados de Lira, o senador estaria ampliando o conflito para ganhar espaço político; para o MDB, Lira tenta forçar um modelo que, na prática, permitiria uma espécie de repartição antecipada das emendas, beneficiando individualmente parlamentares em ano eleitoral.
A crise já ultrapassa o debate técnico. A troca de declarações públicas, os ataques indiretos e a mobilização de aliados mostram que a disputa deve se estender por mais alguns dias. Enquanto isso o prazo já foi superado e alguns prefeitos pressionam pela liberação dos recursos.
Nos bastidores, cresce a certeza de que a divergência vai além da simples assinatura: trata-se de mais um capítulo do enfrentamento direto entre dois dos nomes mais poderosos da política alagoana. Enquanto Lira tenta enquadrar o adversário, Renan insiste que não voltará atrás na exigência de que tudo siga o rito legal, sem brechas para acordos informais ou repartições individualizadas.
O impasse continua, e a bancada segue dividida. A única certeza, por ora, é que a disputa ainda não chegou ao auge — e o desfecho dependerá da capacidade de Lira e Renan encontrarem uma saída que não estoure no colo dos municípios, que aguardam os recursos para obras e investimentos essenciais.
Mostrando a lei
Renan afirmou ao UOL que não assinou a ata porque a destinação das emendas pelos parlamentares alagoanos seria ilegal. “O pessoal estava individualizando as emendas e, mais do que não assinar a ata, fiz uma representação [à CMO] porque isso é contra a Lei Complementar 210 [de 2024]. Isso foi um um dos pontos questionados pelo ministro [do STF] Flávio Dino [que é relator de ações sobre emendas]”, disse Renan Calheiros ao jornalista Carlos Madeiro.
No texto, Madeiro informa que a lei citada por Renan impede, no seu artigo segundo, a individualização.
Veja a citação da lei: “As emendas de bancada estadual de que trata o § 12 do art. 166 da Constituição Federal somente poderão destinar recursos a projetos e ações estruturantes para a unidade da Federação representada pela bancada, vedada a individualização de ações e de projetos para atender a demandas ou a indicações de cada membro da bancada.
Fonte: Blog de Edivaldo Junior


