sábado, abril 26, 2025
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Alagoas tem o menor salário de admissão do Nordeste e o 24º do país, aponta estudo

Um levantamento divulgado em fevereiro pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revelou que Alagoas possui o menor salário de admissão do Nordeste e o 24º do Brasil, à frente apenas de Amapá, Roraima e Acre. O estudo, que analisou os salários médios de trabalhadores recém-admitidos em 2024, mostrou que o valor em Alagoas é de R$ 1.753, bem abaixo da média nacional, que ficou em R$ 2.178. Em comparação, São Paulo lidera o ranking com R$ 2.473, seguido pelo Distrito Federal (R$ 2.284) e pelo Rio de Janeiro (R$ 2.223).

A pesquisa destacou que, apesar de o salário de admissão em Alagoas ser um dos mais baixos do país, o Brasil registrou um crescimento real de 2% nos salários médios de admissão em 2024, superando a inflação. Esse aumento representa uma melhora em relação aos anos anteriores, quando houve quedas reais de 2,5% em 2022 e 4,6% em 2021. Em 2023, o crescimento havia sido de 1,2%, indicando uma recuperação gradual do mercado de trabalho.

O estudo também apontou que o desemprego no país atingiu o menor nível já registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechando 2024 com uma taxa média de 6,6%. Além disso, foram criados 1,7 milhão de empregos formais com carteira assinada no ano passado, um aumento de 16,5% em relação a 2023. Esses números refletem uma recuperação do mercado de trabalho após os impactos da pandemia, mas evidenciam disparidades regionais, como a enfrentada por Alagoas.

Realidade profissional: piso que vira teto

A baixa remuneração em Alagoas não é apenas um dado estatístico, mas uma realidade vivida por muitos profissionais no estado. Um nutricionista alagoano, que preferiu não se identificar, relatou à reportagem que, mesmo após se formar, o salário oferecido em sua primeira oportunidade de emprego não ultrapassou R$ 1.500. “Infelizmente, a realidade profissional é muito diferente do que se mostra na universidade. É preciso muitos anos de trabalho para conseguir uma estabilidade financeira”, desabafou.

Ele ainda criticou a prática comum entre empresas de transformar o piso salarial em teto, limitando as perspectivas de crescimento dos profissionais. “Existe um piso, mas muitas empresas fazem dele o teto. É difícil progredir financeiramente nesse cenário”, afirmou. A situação ilustra os desafios enfrentados por jovens profissionais no estado, onde a baixa remuneração inicial pode comprometer a qualidade de vida e a retenção de talentos.

Desafios e perspectivas

A disparidade salarial entre Alagoas e outras regiões do país reflete desigualdades estruturais que vão além do mercado de trabalho. A falta de investimentos em setores estratégicos, a baixa diversificação da economia e a carência de políticas públicas voltadas para a geração de empregos de qualidade são fatores que contribuem para o cenário atual. Enquanto estados como São Paulo e Distrito Federal concentram as maiores médias salariais, Alagoas e outras unidades da federação nas regiões Norte e Nordeste ainda lutam para superar desafios históricos.

Apesar dos avanços nacionais, como a redução do desemprego e o aumento real dos salários, especialistas alertam que é necessário adotar medidas específicas para reduzir as desigualdades regionais. Investimentos em educação, capacitação profissional e atração de indústrias podem ser caminhos para melhorar a remuneração e as condições de trabalho em estados como Alagoas.

Enquanto isso, profissionais como o nutricionista entrevistado seguem buscando oportunidades que ofereçam não apenas emprego, mas também perspectivas de crescimento e dignidade. “Sonhamos com um mercado mais justo, onde o esforço e a qualificação sejam realmente valorizados”, concluiu. A realidade atual, no entanto, mostra que ainda há um longo caminho a percorrer para que Alagoas e outras regiões menos desenvolvidas possam alcançar patamares salariais mais equitativos.

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