O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou nesta quarta-feira (22) que a decisão do parlamento israelense de anexar a Cisjordânia colocaria em risco o plano do presidente Donald Trump para encerrar o conflito em Gaza. Ao ser questionado por jornalistas sobre o tema, Rubio ressaltou que, embora se trate de uma votação interna do Knesset (parlamento israelense), a posição do governo americano é contrária à medida. “O presidente deixou claro que não é algo que apoiaríamos agora. Achamos que isso ameaça até o acordo de paz”, declarou.
Rubio deve permanecer em Israel entre os dias 22 e 25 de outubro, conforme informou o Departamento de Estado. Sua visita ocorre em um momento delicado, marcado por um frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que tenta conter a escalada de violência na Faixa de Gaza.
A tensão aumentou após o Knesset aprovar, em votação preliminar, um projeto que aplica a lei israelense à Cisjordânia ocupada, o que, na prática, equivale à anexação de territórios reivindicados pelos palestinos para a criação de um Estado. A proposta recebeu 25 votos favoráveis e 24 contrários, de um total de 120 parlamentares, representando apenas a primeira de quatro etapas necessárias para sua aprovação definitiva.
O partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não apoiou o projeto, que foi apresentado por parlamentares fora da coalizão governista. Ainda assim, alguns aliados do governo, especialmente do partido Poder Judaico, liderado pelo ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir, votaram a favor da medida, que pode gerar forte impacto diplomático caso avance nas próximas etapas.
Outro projeto legislativo, proposto por um partido de oposição, também foi aprovado em votação preliminar por 31 votos a 9, prevendo a anexação do assentamento de Maale Adumim, um dos maiores blocos israelenses na Cisjordânia. As iniciativas coincidem com a visita do vice-presidente americano JD Vance a Israel e ocorrem um mês após Donald Trump afirmar publicamente que não permitirá a anexação da Cisjordânia, em meio aos esforços para manter a estabilidade na região.