Caso o governo de Donald Trump decida revogar os vistos americanos dos presidentes do Congresso brasileiro — o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP) —, como já fez com sete dos 11 ministros do STF, eles acabariam se unindo definitivamente ao presidente Lula em uma frente comum. Qualquer sanção adicional a Motta ou Alcolumbre fortaleceria ainda mais o alinhamento entre Legislativo, Executivo e Judiciário em defesa da soberania nacional.
Essa eventual coalizão dos Três Poderes daria a Lula a oportunidade de consolidar uma resposta unificada contra as pressões externas, criando uma sólida barreira institucional. Até agora, o Judiciário, visto como alvo prioritário de Trump, já demonstrou apoio estratégico ao presidente, reforçando a resistência brasileira.
A expectativa nos bastidores é de que a imposição de sanções a Hugo Motta e Davi Alcolumbre catalise uma reação mais enérgica: ambos se juntariam ao Executivo e ao Judiciário para articular medidas de retaliação ou de proteção à economia nacional, elevando o tom do discurso contra as medidas americanas.
Até o momento, Motta e Alcolumbre limitaram-se a emitir uma nota conjunta em que defenderam o diálogo diplomático e manifestaram prontidão para proteger a economia brasileira, mas sem recorrer a retaliações diretas.
Trump também enterraria anistia
Uma sanção de Donald Trump contra Hugo Motta e Davi Alcolumbre também atrapalharia diretamente o cronograma legislativo da oposição no Congresso. Com os presidentes da Câmara e do Senado acuados, pautas controversas perderiam força e poderiam ser engavetadas sem muita resistência.
Entre os temas que certamente ficariam para trás está o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. A proposta, atualmente paralisada na Câmara, dificilmente sairia do papel se Motta e Alcolumbre estivessem sob sanções americanas.
No cenário de restrições, os dois líderes legislativos veriam sua autoridade política fragilizada, tornando-se inviável pautar a anistia bolsonarista sem correr o risco de serem rotulados como “subservientes” aos Estados Unidos. A pressão externa acabaria por minar qualquer apoio interno a essa iniciativa.
Além disso, a possibilidade de Davi Alcolumbre levar adiante um processo de impeachment contra ministros do STF, como Alexandre de Moraes, também ficaria completamente inviabilizada. A acusação de tentar retaliar juízes brasileiros sob tutela americana enterraria de vez esse tipo de ação.
As possíveis sanções a Motta e Alcolumbre
Na última terça-feira (22), o Metrópoles informou que bolsonaristas planejavam articular junto ao governo Trump a suspensão do visto americano de Hugo Motta, como retaliação aos últimos posicionamentos do presidente da Câmara.
Já no dia seguinte, a coluna de Paulo Cappelli, noticiou que o governo Trump passou a avaliar sanções não apenas contra Motta, mas também contra o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.