A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) comemorou a decisão do governo dos Estados Unidos de retirar a carne bovina brasileira da lista de produtos afetados pelo tarifaço imposto em julho. A medida foi oficializada nessa quinta-feira (20), por meio de uma ordem executiva da Casa Branca que reduz parte das sobretaxas adicionais aplicadas ao Brasil.
Em nota, a entidade afirmou que a flexibilização reforça a previsibilidade do comércio internacional e preserva condições equilibradas entre os países. Para a ABIEC, a mudança também evidencia o resultado das negociações técnicas conduzidas pelos governos brasileiro e norte-americano.
A associação destacou o trabalho das equipes brasileiras envolvidas no diálogo bilateral. Na semana passada, o chanceler Mauro Vieira tratou do tema em reunião com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em busca de uma saída diplomática para o impasse.
O comunicado da Casa Branca menciona uma conversa entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocorrida no início de outubro. Segundo o texto, os dois concordaram em abrir negociações para tratar dos pontos levantados no Decreto Executivo 14323 — responsável por instituir o tarifaço de até 40%. O governo americano afirma que houve “progresso inicial”, o que justificaria a retirada de parte dos produtos agrícolas da sobretaxa.
“A medida demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo. A ABIEC seguirá atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença do Brasil nos principais mercados globais”, declarou a entidade.
Tarifaço
Anunciado em 9 de julho, o tarifaço elevou em até 40% — podendo chegar a 50% com a tarifa base — as taxas sobre diversos produtos brasileiros. À época, Trump enviou uma carta a Lula alegando “perseguição” judicial contra Jair Bolsonaro e classificando o processo por tentativa de golpe como uma “caça às bruxas”. O republicano também criticou decisões do ministro Alexandre de Moraes e acusou o Brasil de impor barreiras “injustas” às empresas americanas, o que foi rebatido pelo governo brasileiro.
Apesar da retirada da carne bovina da lista, o estado de emergência declarado pelos EUA continua valendo. Isso significa que novas tarifas podem ser impostas caso Washington considere que o Brasil não está cumprindo as exigências do decreto.
Órgãos como o Departamento de Estado, o Tesouro, o USTR e o Conselho de Segurança Nacional seguem monitorando o país e podem recomendar ajustes adicionais.


