quinta-feira, julho 31, 2025
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“Quero respeito”, diz Lula sobre tarifaço de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou sobre a crise comercial entre Brasil e Estados Unidos, destacando que o país encara com seriedade o tarifaço anunciado por Donald Trump. No entanto, enfatizou que o Brasil exige ser tratado com respeito nas negociações. As novas tarifas, que preveem um acréscimo de 50% sobre produtos brasileiros, estão previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira, 1º de agosto.

“Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência”, disse Lula. “Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, disse Lula ao jornal norte-americano The New York Times.

O líder brasileiro recebeu os jornalistas do The New York Times nessa terça-feira (29), no Palácio da Alvorada, em Brasília.

“Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande”, frisou o petista. “Conhecemos o poder econômico dos Estados Unidos, reconhecemos o poder militar dos Estados Unidos, reconhecemos a dimensão tecnológica dos Estados Unidos. Mas isso não nos deixa com medo”, acrescentou. “Nos deixa preocupados.”

Lula reclamou que, na Casa Branca, “ninguém quer conversar”. “Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível”, ressaltou o presidente.

Na entrevista, o petista adotou um tom mais ameno, de abertura ao diálogo. “Só para vocês terem noção do cronograma, realizamos 10 reuniões sobre comércio com o Departamento de Comércio dos EUA. Em 16 de maio, enviamos uma carta solicitando uma resposta dos Estados Unidos. A resposta que recebemos foi por meio do site do presidente Trump, anunciando as tarifas sobre o Brasil”, observou.

“Espero, portanto, que a civilidade retorne à relação Brasil-EUA. O tom da carta dele é definitivamente o de alguém que não quer conversar”, ressaltou.

Sem ultimato

Na entrevista, o presidente Lula classificou como “vergonhoso” o fato de Donald Trump ter feito ameaças econômicas ao Brasil por meio da rede social Truth Social. Segundo ele, a postura do presidente norte-americano foge completamente dos padrões tradicionais de negociação e diplomacia.

“Quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é cobrar impostos e dar um ultimato.”

Para o jornal, “talvez não haja nenhum líder mundial desafiando o presidente Trump tão fortemente quanto o senhor Lula”.

Trump e Bolsonaro

O jornal norte-americano também aponta que Trump mirou o Brasil como forma de apoiar Jair Bolsonaro (PL), seu aliado e adversário político de Lula. Na visão do presidente brasileiro, essa tentativa de “defender” Bolsonaro terá um custo para os próprios americanos, que deverão pagar mais caro por produtos como café, carne bovina, suco de laranja e outros itens amplamente importados do Brasil.

“Nem o povo americano nem o povo brasileiro merecem isso”, disse o mandatário petista. “Porque vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos para uma relação política de perdas mútuas.”

Sanções a Moraes

Segundo Donald Trump, as novas tarifas contra o Brasil também representam uma retaliação à atuação da Suprema Corte brasileira, que, segundo ele, teria imposto “ordens de censura” a empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Desde 18 de julho, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes — que se tornou alvo da Casa Branca — tiveram seus vistos norte-americanos revogados.

Enquanto isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, encontra-se em Washington. De acordo com o The New York Times, ele tem feito lobby pela aplicação das sanções previstas na Lei Magnitsky Global contra o ministro Moraes. Essa legislação permite aos EUA punirem estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou ao Congresso que há “uma grande possibilidade” de que tais sanções sejam efetivadas, o que ampliaria ainda mais a tensão entre os dois países.

O presidente Lula manifestou preocupação ao ser informado sobre a possibilidade de sanções contra Moraes. “Se o que você está me dizendo for verdade, é mais sério do que eu imaginava”, disse ele na entrevista.

Para Lula, o Supremo Tribunal Federal brasileiro deve ser respeitado não apenas internamente, mas também pela comunidade internacional.

Fonte: Política Alagoana

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