A prisão de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti, na manhã desta sexta-feira (12/9), surpreendeu os parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas. Ambos têm depoimentos marcados na comissão para a próxima semana e agora podem ser ouvidos diretamente da prisão.
Segundo relatos obtidos pelo portal Metrópoles, integrantes da CPMI só souberam da operação da Polícia Federal por meio da imprensa. A ação ocorreu um dia após a comissão ouvir o ex-ministro da Previdência, José Carlos Oliveira. Durante a sessão, houve críticas à falta de responsabilização até aquele momento.
Durante a audiência, o deputado Eduardo Girão (Novo) chegou a ironizar a ausência de prisões no caso, afirmando: “Estamos a 141 dias sem nenhum preso por esse escândalo, por esse roubo do INSS. Esse é o fato, e a gente precisa relembrar”.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos), declarou que o cronograma da comissão será mantido. Ele anunciou que pretende solicitar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, a liberação dos dois detidos para que compareçam às oitivas previstas para segunda (15) e quinta-feira (18).
Vale lembrar que tanto Antunes quanto Camisotti tiveram seus sigilos bancário, fiscal e telemático quebrados pela comissão durante a sessão realizada na quinta-feira, o que indica o avanço das investigações sobre o esquema bilionário de fraudes no INSS.
Quem é o Careca do INSS
Conhecido por ostentar uma frota de veículos de luxo — incluindo modelos da Porsche e BMW —, Antônio Carlos Camilo Antunes construiu uma imagem de empresário bem-sucedido em Brasília. No entanto, por trás do estilo de vida chamativo, ele atuava como um lobista discreto, sendo procurado por associações envolvidas nos polêmicos descontos aplicados sobre aposentadorias do INSS.
A atuação de Antônio Carlos ia além das aparências: ele é apontado como o principal articulador do esquema bilionário de desvios relacionados aos chamados descontos associativos, prática que afetou milhares de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social.
Além da quebra de sigilo bancário aprovada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), os parlamentares solicitaram ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a elaboração de um Relatório de Inteligência Financeira. O objetivo é rastrear movimentações suspeitas e identificar os fluxos do dinheiro desviado.
Seu nome consta em mais de uma dezena de empresas, o que, segundo os investigadores, pode indicar o uso de estruturas jurídicas para movimentação e ocultação de recursos. A CPMI vê essa rede empresarial como parte de um mecanismo de blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro.
A investigação se aprofunda agora na relação entre o lobista e servidores do INSS, bem como nas vantagens que ele supostamente oferecia ou obtinha dentro da autarquia para manter o esquema em funcionamento por tanto tempo.