Dentista é suspeita de usar silicone industrial em procedimentos estéticos proibidos. — Foto: Reprodução
Procedimentos ilegais causaram necrose e levaram vítimas a cirurgias de urgência; profissional cobrava R$ 2,5 mil e realizava procedimento a domicílio
A Polícia Civil prendeu, em Arapiraca, no Agreste de Alagoas, uma dentista suspeita de realizar procedimentos estéticos ilegais com silicone industrial. A profissional vinha sendo investigada desde o início do mês e já havia sido suspensa cautelarmente, por 30 dias, pelo conselho regional da classe.
Em entrevista coleiva realizada no final da manhã desta sexta-feira, 24, o delegado Edberg Sobral, responsável pela investigação, revelou que a profissional cobrava R$ 2.500,00 por aplicação e realizava os atendimentos nas casas das pacientes, em ambientes sem a higiene necessária, sem qualquer cuidado sanitário ou autorização para esse tipo de procedimento.
“Identificamos essa dentista, que estava cobrando R$ 2.500,00 pelo procedimento. Ela fazia a aplicação em domicílio, as pessoas a contratavam e ela seguia aos domicílios, sem higiene nenhuma, e aplicava esses produtos”, afirmou o delegado.
Uma das vítimas relatou à polícia que a mulher chegou a usar uma xícara de café para misturar o produto antes da aplicação.
Consequências para pacientes
O uso do silicone industrial provocou complicações graves, incluindo necrose dos tecidos e a necessidade de cirurgias de urgência para remoção do material.

Pacientes enfrentam situações de necrose no glúteo e precisaram ser submetidas a cirurgias de emergência
De acordo com a autoridade policial, quatro vítimas da dentista já foram ouvidas pela polícia — duas de Arapiraca, uma de Lagoa da Canoa e uma de Murici, cidade natal da suspeita.
“São consequências gravíssimas, causando necrose. Não é só o prejuízo físico, tem o psicológico. Fica o alerta às mulheres que buscam esse melhoramento estético: que busquem profissionais qualificados e verifiquem o produto”, destacou Sobral.
As investigações também apontam que os atendimentos começaram por indicação da irmã da dentista, que teria sido uma das primeiras a se submeter ao procedimento. Após o resultado, ela passou a recomendar a profissional a outras mulheres, o que ampliou o número de clientes e, consequentemente, de vítimas.
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Depoimento da dentista
Durante o depoimento, a dentista afirmou não saber que o material usado era silicone industrial. Segundo o delegado, ela disse ter adquirido o produto de uma pessoa em Fortaleza (CE), acreditando ser adequado para uso corporal.
“Ao ser interrogada, ela disse que acreditava ser um produto próprio para inserção no corpo humano, mas depois verificou-se que se tratava de silicone industrial”, relatou o delegado.
A suspeita deve responder por lesão corporal gravíssima e exercício ilegal da medicina. A Polícia Civil segue investigando se há outros envolvidos na compra e aplicação do produto e trabalha para identificar novas vítimas.
“As investigações continuam para tentar saber se existem outras pessoas que ajudaram essa dentista nesses procedimentos. E, se existirem outras vítimas, pedimos que procurem a delegacia para que ela seja responsabilizada”, completou Edberg Sobral.
Conselho de Odontologia suspende profissional
Ainda no dia 7 de outubro de 2025, o Conselho Regional de Odontologia de Alagoas (CRO-AL) confirmou, em nota oficial, que suspendeu cautelarmente a dentista por 30 dias, após denúncia anônima ser confirmada pela fiscalização do órgão. A decisão foi unânime e também determinou a abertura de processo ético.
O órgão não se manifestou oficialmente após a confirmação da prisão da profissional. O nome da dentista é mantido em sigilo, conforme prevê a legislação.


