O Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avalia que Jair Bolsonaro (PL) seguirá politicamente influente enquanto não for preso e mantiver apenas as restrições atuais. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a defesa de Bolsonaro se manifeste até esta terça-feira (22) sobre o alegado descumprimento das medidas cautelares, sob ameaça de prisão.
Em conversas reservadas, um dos principais integrantes do PT que acompanha de perto os inquéritos contra Bolsonaro no STF acredita que o ex-presidente continuará exercendo influência, apoiado por aliados que mantêm suas ideias ativas. No entanto, a opinião dominante dentro da sigla de Lula é que, embora as restrições impostas por Moraes dificultem a atuação de Bolsonaro, elas não serão capazes de eliminá-lo do cenário político por completo.
Fontes próximas ao PT apontam que o PL trabalha em duas frentes para evitar o isolamento político de Bolsonaro: fortalecer suas redes digitais de comunicação e organizar mobilizações nas ruas. Entretanto, esses interlocutores avaliam que o quadro pode se transformar radicalmente caso o ministro Alexandre de Moraes decida pela prisão do ex-presidente nesta terça-feira.
Dentro do Executivo, interlocutores do presidente Lula apontam duas perspectivas distintas sobre o impacto da saída forçada de Bolsonaro da política. Enquanto alguns acreditam que isso desarticulará a direita e provocará uma guerra interna no grupo, outros veem que a medida pode diminuir a polarização e, consequentemente, dificultar o crescimento da popularidade do Planalto. Até o momento, o governo não possui uma estratégia definida para esse cenário.
A ausência de um mediador pode intensificar os conflitos, avaliam governistas. Eles destacam que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), entraram em confronto devido a divergências sobre a postura de Eduardo em relação às sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. A tensão entre o filho do ex-presidente e o ex-ministro só foi resolvida após uma intervenção direta de Jair Bolsonaro.