O deputado estadual Lelo Maia (União Brasil) divulgou nesta segunda-feira (22) uma nota oficial informando que foi proibido, por decisão judicial, de se manifestar publicamente e de denunciar supostos abusos do Departamento Municipal de Transporte e Trânsito (DMTT) de Maceió.
A medida ocorre em meio a uma série de ações do parlamentar contra o que classifica como “indústria da multa”. Recentemente, ele protocolou projeto do Estatuto da Blitz, reuniu-se com o Ministério Público para apresentar denúncias de irregularidades e deu voz a motoristas que alegam multas abusivas. O MP já abriu procedimento para apurar as acusações.
Em sua nota, Maia afirma que passou a combater os abusos após vivenciar pessoalmente uma abordagem que considerou arbitrária e após receber “denúncias massivas” de cidadãos. Ele diz que cumprirá a ordem judicial por respeito à democracia, mas lamenta que sua voz e a dos cidadãos que o procuraram sejam temporariamente silenciadas.
A íntegra da nota oficial segue abaixo.
NOTA OFICIAL À IMPRENSA
Informo que recebi, nesta data, intimação judicial que me proíbe, temporariamente, de me manifestar publicamente e de denunciar os abusos praticados pela DMTT.
Até então, confesso que até alguns meses não tinha a real dimensão das arbitrariedades praticadas por agentes de trânsito. Para mim, o maior problema da cidade sempre foi o trânsito caótico, a buraqueira, a falta de sinalização e o transporte público sobrecarregado.
Mas tudo isso mudou em uma manhã ensolarada em Maceió, quando vivi pessoalmente uma abordagem abusiva. Naquele momento, senti na pele aquilo que, logo em seguida, passei a receber de forma massiva: denúncias de cidadãos que há muito tempo vinham sofrendo situações semelhantes.
Motoristas de aplicativo, trabalhadores, transeuntes e pessoas comuns, tratadas com truculência, constrangidas e colocadas na condição de infratores, mesmo quando estavam corretas.
Desde então, aquela sensação profunda de injustiça me marcou, e não posso admitir que o povo de Maceió continue passando por isso. Não é aceitável que, mesmo estando certo, o cidadão seja obrigado a se submeter à vontade do agente, e não ao que determina a lei.
Fui intimado e a decisão judicial determina que, até nova deliberação, eu me abstenha de tratar publicamente do tema. Ainda que discorde, vou cumpri-la. Não porque seja fácil silenciar, mas porque acredito que o respeito às decisões da Justiça é parte essencial da democracia.
O que mais machuca não é ficar alguns dias sem falar. O que dói é saber que, enquanto me silencio, muitos cidadãos continuam enfrentando abordagens duras, desproporcionais e, por vezes, humilhantes, sem ter a quem recorrer. Não é sobre multa. É sobre dignidade.
Esta decisão não alcança apenas a minha voz individual ou minhas redes sociais. Ela atinge, ainda que temporariamente, a voz de milhares de maceioenses e alagoanos que confiaram em mim para ouvir, acolher e levar adiante suas denúncias.
Vou obedecer ao que foi determinado, recorrer até quando for necessário, sem revolta e sem recuo, porque acredito que justiça não se constrói no grito, mas também não se apaga no silêncio.
Essa luta não acabou. Ela apenas aguarda o momento certo de continuar.
Agradeço a cada pessoa que esteve junto e demonstrou apoio nesta luta. Reforço que não se trata de recuo, mas do cumprimento de uma determinação judicial, ainda que dela discorde.
Nenhum silêncio colocado é capaz de apagar a dor, a indignação e a esperança de quem luta por dignidade.
Seguiremos juntos, com coragem, fé e perseverança, até que Maceió volte a ser uma cidade onde o cidadão é respeitado, onde a lei protege e onde a autoridade serve e nunca oprime.


