Nesta segunda-feira (21), o mundo se despediu de Papa Francisco, que faleceu aos 88 anos, deixando um legado marcado pela fé, empatia e por transformações profundas na Igreja Católica. Em Maceió, a jornalista alagoana Rafaella Ramos recebeu a notícia com pesar — e com a lembrança viva de um momento inesquecível: o encontro pessoal com o pontífice em 2024, no Vaticano.
Ao Eufêmea, Rafaella relembrou o seu primeiro contato com o Papa. Primeira jornalista de Alagoas a integrar a equipe do Vatican News, canal de notícias oficial do Vaticano, Rafaella participou do programa de voluntariado como trainee. A jornalista desempenhou diversas funções, incluindo a tradução de matérias escritas em italiano, língua oficial do Vaticano.
“Foi uma experiência incrível, engrandecedora enquanto profissional. Nunca imaginei viver algo assim”, diz ela.
O ponto mais marcante da sua trajetória veio com o encontro presencial com o Papa Francisco, durante uma reunião do Dicastério para a Comunicação, que reuniu cerca de 300 comunicadores do Vaticano. À reportagem, Rafaella destacou a simplicidade do pontífice, uma característica que, segundo ela, se revelava em cada gesto, fala e postura.
“Ele cumprimentou um por um. Eu estava lá no meio. Ele é uma pessoa muito simples. O discurso que fez sobre a comunicação foi belíssimo”, conta.
“Ele usava vestes simples, falava com doçura, fazia questão de registrar aquele momento com a equipe de comunicação. Foi um gesto que diz muito sobre quem ele era”, acrescentou.
A jornalista contou que se aproximou de Francisco levando um pingente de Nossa Senhora. “Pedi para ele abençoar. Disse que era brasileira, e ele respondeu: ‘Ah, você é brasileira, que legal!’. Ele abençoou a imagem e também me deu uma bênção”, relembrou.
Um papa que rompeu estruturas e inspirou mudanças
Progressista, defensor dos pobres, das minorias, dos imigrantes e dos direitos humanos, o Papa Francisco foi, para Rafaella, uma figura revolucionária dentro de uma instituição marcada por tradições conservadoras.
“Ele rompeu com muitas estruturas. Falou sobre casamento homoafetivo, defendeu quem historicamente foi deixado à margem. Num momento em que o Brasil vivia uma onda conservadora, ver o líder da Igreja Católica falar de forma tão aberta foi inspirador”, afirma.
Para ela, o principal legado de Francisco é justamente esse: a humildade e a coragem de enfrentar temas delicados com empatia.
“Fazia muitos anos que a gente não tinha um papa com pensamentos tão abertos, disposto a falar com o povo e para o povo. Ele era muito querido, circulava bem em todos os âmbitos entre religiões, governos e países”, comenta.
Agora, Rafaella se despede com gratidão e esperança de que o próximo papa mantenha o legado humano de Francisco. “Ele foi o Papa que nos olhou. E eu espero que quem vier depois mantenha esse legado franciscano, mais humano e acolhedor, que ele representava tão bem.”
Fonte: Eufêmea