Durante ato realizado nesse domingo (29) na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se defender das acusações de tentativa de golpe de Estado, que estão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que “jamais passaria a faixa para um ladrão”, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e justificou sua viagem aos Estados Unidos logo após as eleições de 2022.
Em outro trecho da fala, o ex-presidente argumentou que contribuiu para uma transição pacífica de governo, dizendo que atendeu a pedidos da equipe de Lula e se posicionou contra os bloqueios de caminhoneiros nas rodovias. Segundo ele, o processo de transição foi elogiado por Geraldo Alckmin (PSB), que coordenou a equipe de Lula naquele período.
“Nomeamos dois comandantes de Forças a pedido desse cara que está no governo agora. Quem quer dar golpe nomeia comandantes a pedido do governo opositor? No dia 30, algo me fez sair do Brasil. Não era apenas para não passar a faixa? Jamais eu passaria a faixa para um ladrão”, disse.
Em outra parte do discurso, Bolsonaro voltou à ofensiva contra Lula. “Me processam, mas não processam por corrupção, por desviar dinheiro da Petrobrás, por assaltar o fundo de pensão do Banco do Brasil ou dos Correios. Não me processam por achar dinheiro em apartamento meu. Ou ter um sítio em algum lugar, ou um apartamento na beira da praia.”
“Me processam por uma fumaça de golpe”, disse. O presidente ainda culpou a esquerda pelos atos do 8 de janeiro de 2023, que vandalizaram o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.
Esta é a sexta vez que Bolsonaro convoca seus apoiadores às ruas desde o término de seu mandato presidencial, no final de 2022. A manifestação realizada neste domingo tem como lema “Justiça Já” e concentra críticas ao julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele responde pela acusação de suposta tentativa de golpe de Estado.
Mobilização popular
Os dados do Monitor do Debate Político, do Cebrap e da USP, mostram uma queda significativa na adesão às manifestações bolsonaristas ao longo do tempo. Em fevereiro de 2024, o ex-presidente reuniu 185 mil pessoas na Avenida Paulista, mas o último ato em abril deste ano contou com apenas 44,9 mil participantes, representando uma redução de 75%.
Entre esses dois eventos, outras manifestações registraram números variados: 32,7 mil pessoas participaram de um ato em Copacabana em abril de 2025, enquanto 45,4 mil estiveram na Avenida Paulista no Dia da Independência em 2024. No Rio de Janeiro, em março deste ano, cerca de 18,3 mil apoiadores foram às ruas em defesa de Bolsonaro.