quinta-feira, julho 31, 2025
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Inflação da carne dispara nos EUA e tarifa sobre Brasil agrava cenário

No último ano, a gripe aviária fez do omelete um artigo de luxo para os americanos, e agora a carne bovina também começa a pesar no bolso dos consumidores dos Estados Unidos. A proteína mais consumida no país alcançou preços recordes, enquanto a previsão de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, que lideram as exportações mundiais, contribui para aumentar ainda mais a inflação do alimento.

Além disso, a redução dos rebanhos locais figura entre os principais motivos para a alta dos preços da carne bovina no mercado americano. Esses fatores combinados pressionam o custo para os consumidores e elevam a preocupação com a oferta do produto.

Entenda tarifaço de Trump

  • No início deste mês, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou que, a partir do dia 1º de agosto, novas tarifas comerciais de 50% serão aplicadas sobre todos os produtos exportados pelo país aos EUA.
  • As taxas serão cobradas separadamente de tarifas setoriais, como as que atingem o aço e o alumínio brasileiros.
  • Em abril deste ano, o Brasil já havia sido atingido pelo tarifaço de Trump e teve seus produtos taxados em 10%. Além disso, as taxas norte-americanas de 50% sobre aço e alumínio também afetaram o país.
  • De acordo com Trump, a decisão de aumentar as tarifas contra o Brasil acontece após “ataques insidiosos” contra eleições livres no país.
  • Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump voltou a criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado em 2022.

Conforme relatório divulgado pelo banco Itaú BBA nesta terça-feira (29), o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) revelou na última sexta-feira (25) que o rebanho de gado e vacas de corte no país diminuiu 1% em relação a 2023, atingindo o menor nível registrado nos últimos 25 anos.

“Além da já limitada oferta de carne bovina por parte dos produtores americanos, a aplicação de tarifas de 50% sobre as importações de carne bovina brasileira impactou ainda mais os preços regionais, resultando em um aumento de 3% no preço da carne moída no acumulado do mês de julho”, resume o relatório do Itaú BBA.

De acordo com a CNN, os preços da carne nos Estados Unidos acumulam uma alta próxima a 9% desde janeiro, com a libra sendo comercializada a US$ 9,26 no varejo. O índice de preços ao consumidor de junho apontou aumentos de 12,4% nos bifes e 10,3% na carne moída em relação ao mesmo período de 2024.

Além disso, analistas norte-americanos indicam que a pressão sobre os preços deve persistir. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que inclui grandes empresas como JBS e Marfrig, projetou nesta terça-feira que a tarifa de 50% pode acarretar perdas de até US$ 1 bilhão para o setor caso seja implementada.

Os Estados Unidos figuram como o segundo maior importador da carne brasileira, atrás apenas da China. Enquanto os EUA absorvem 12% do volume exportado pelo Brasil, a China responde por 48%, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Durante uma transmissão ao vivo nesta terça-feira, o presidente da Abiec, Roberto Perosa, revelou que representantes do setor brasileiro estão em contato com parlamentares norte-americanos para tentar impedir a implementação da nova tarifa, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto.

Exportações brasileiras sofrem forte queda

As exportações de carne brasileira para os Estados Unidos sofreram uma queda acentuada entre abril e julho deste ano, mesmo antes da implementação da nova rodada do tarifaço comercial imposto pelo governo Trump.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que está à frente das negociações com os EUA, o volume de carne exportada ao país norte-americano despencou nesse período, conforme levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Em abril, o Brasil exportou 47,8 mil toneladas de carne para os Estados Unidos. Porém, em maio, o volume já havia caído para 27,4 mil toneladas, mostrando um recuo significativo.

O mês de junho apresentou nova queda, com 19,2 mil toneladas vendidas, e julho registrou apenas 9,7 mil toneladas, sem contabilizar os últimos 10 dias do mês, o que representa uma redução de 79,7% em relação a abril.

Fonte: Política Alagoana

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