quinta-feira, julho 31, 2025
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Haddad sobre tarifaço: “Estamos nos preparando para vários cenários”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta segunda-feira (21) que o Brasil continuará engajado no diálogo com os Estados Unidos, mesmo diante das novas tarifas impostas ao país. Segundo ele, o governo brasileiro “não vai sair da mesa de negociação” e buscará reverter a medida por meio de canais diplomáticos e institucionais.

As tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos foram anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. A decisão é uma retaliação ao que Trump classificou como “abusos e injustiças” praticados pelo Judiciário brasileiro contra seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por suposta tentativa de golpe de Estado. A medida está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

Além da imposição tarifária, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) abriu uma investigação formal contra o Brasil. A solicitação partiu do próprio Trump, e o objetivo é apurar possíveis práticas comerciais desleais por parte do país. Entre os pontos citados está o tratamento dado pelo Judiciário brasileiro a disputas envolvendo grandes plataformas digitais norte-americanas.

“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é que nós continuemos engajados permanentemente. Mandamos uma segunda carta na semana passada, em acréscimo à de maio. Vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação entre os dois países”, disse Haddad, em entrevista à Rádio CBN.

“Estamos nos preparando para vários cenários. Houve muitas idas e vindas nas decisões tomadas pelo governo dos EUA, sobretudo em relação à própria burocracia interna. A pedido do presidente Lula, estamos desenhando cenários possíveis”, prosseguiu o ministro da Fazenda, sem detalhar quais seriam as medidas estudadas.

Influência da família Bolsonaro

“O país todo tem de estar muito consciente do que está ocorrendo em todas as suas dimensões. Neste momento, é hora da unidade do país em defesa do interesse nacional e da percepção, que é real, de que nós não estamos sozinhos nessa questão com os EUA. Há uma força política de extrema direita no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, acusou Haddad, referindo-se à família Bolsonaro.

Segundo o chefe da equipe econômica, “o mundo começa a se organizar para saber o que vai ser se essas imposições unilaterais do governo dos EUA se mantiverem”.

“Se você considerar os países fundadores do Brics, o comércio da Índia e da China com a Rússia aumentou muito mais do que com o Brasil, que é um país muito distante da Rússia. E as tarifas sobre Índia e China são menores do que em relação ao Brasil”, comparou Haddad.

“Por mais que se procure explicação para o que aconteceu, o que sobra é a questão individual da relação do Trump com o Bolsonaro. Você fazer do destino de uma pessoa que tentou se manter no poder pela força, articulou as forças nacionais em proveito próprio… como você vai lidar com esse assunto, sendo que o Brasil já se reuniu com as autoridades americanas somente neste ano mais de 10 vezes?”, indagou o ministro.

Plano de contingência

Na entrevista, Fernando Haddad disse que o governo brasileiro já vem preparando um “plano de contingência” que pode ser implementado após 1º de agosto, dependendo do desfecho das negociações comerciais com os EUA.

“Podemos chegar ao dia 1º sem resposta? Este é um cenário que nós não podemos desconsiderar neste momento. Mas ele não é o único cenário que está sendo considerado por nós”, afirmou Haddad.

“Em uma situação como essa, de agressão externa injustificável, o Ministério da Fazenda se prepara para todos os cenários. Nós temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada. O Brasil jamais saiu e jamais sairá da mesa de negociação porque não há compreensão de nossa parte de que essa situação perdure para benefício mútuo dos EUA e do Brasil”, disse o ministro, sem detalhar o que seria o plano de contingência.

Haddad pontuou que as medidas analisadas envolvem possível apoio a setores atingidos pelo tarifaço de Trump. “Pode ser que tenhamos de recorrer a instrumentos de apoio a setores que estão sendo afetados injustamente. E são setores que têm relação de décadas com os EUA”, afirmou.

“Não necessariamente isso vai implicar gasto primário. No caso do Rio Grande do Sul, que é uma coisa de outra natureza, a menor parte do investimento foi gasto primário. A maior parte foi apoio às empresas afetadas pelas enchentes do ano passado”, prosseguiu o ministro.

“São cenários e planos de contingência, e obviamente que quem vai decidir é o gabinete que o presidente montou e a decisão cabe a ele tomar, à luz da reação ou não reação do governo dos EUA diante do clamor que nem é só brasileiro, mas mundial”, concluiu Haddad.

Fonte: Política Alagoana

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