quinta-feira, julho 31, 2025
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EUA lança “ataques” contra governos de esquerda na América Latina

Depois que o governo dos Estados Unidos criticou a condenação do ex-presidente Álvaro Uribe, o atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reagiu denunciando o que classificou como um possível ataque ao sistema judicial colombiano.

Ataques dos EUA

  • No início de junho, Trump anunciou tarifa de 50% contra o Brasil e alegou que a medida tinha ligação com a atuação da Justiça brasileira.
  • Já na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro voltou a ser acusado pelos EUA de chefiar um cartel de drogas. Em declarações oficiais, o governo norte-americano disse que o regime chavista não vai durar para sempre.
  • Depois da avanço do julgamento de Álvaro Uribe, o governo dos EUA saiu em defesa do ex-presidente da Colômbia e alegou que este é inocente. Ele é julgado por corrupção passiva e fraude eleitoral.

O episódio recente se soma a uma série de posicionamentos e medidas adotadas pela gestão de Donald Trump, que tem direcionado atenção especial aos países latino-americanos governados por líderes de esquerda.

Julgamento de ex-presidente na Colômbia

O governo dos Estados Unidos demonstrou insatisfação com o avanço do processo judicial contra o ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, condenado por suborno no início da semana. Uribe, que governou o país entre 2002 e 2010, é acusado de ter fraudado depoimentos ao aliciar paramilitares com o objetivo de desvincular sua imagem de grupos armados que surgiram nos anos 1980 para combater guerrilhas de esquerda.

A reação norte-americana veio logo após a divulgação da decisão judicial. O senador republicano Marco Rubio, aliado de Donald Trump e figura influente na diplomacia dos EUA, afirmou que o único crime de Uribe foi “lutar e defender sua pátria”. Sem apresentar provas, Rubio insinuou que o Judiciário colombiano estaria sendo instrumentalizado politicamente.

O atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou duramente a declaração. Para ele, trata-se de uma tentativa explícita de interferência nos assuntos internos do país e um ataque direto à soberania do sistema de Justiça colombiano.

Essa tensão entre os dois países não é inédita. Em janeiro, Washington impôs uma tarifa de 25% sobre produtos colombianos, após Bogotá se recusar a aceitar a deportação de cidadãos algemados em voos militares. Como resposta, Petro retaliou com tarifas semelhantes, mas após negociações, o governo colombiano aceitou os termos dos EUA, o que reduziu a taxa para 10% — a menor entre as anunciadas na chamada “tarifaço” de Trump.

Caso brasileiro

Desde o começo de junho, o Brasil vive sob a ameaça de uma taxação de até 50% sobre suas exportações para os Estados Unidos, caso um novo acordo comercial não seja firmado nos próximos dias. A medida, proposta pela gestão de Donald Trump, tem gerado apreensão entre autoridades e setores produtivos brasileiros.

Especialistas em política internacional apontam que, no caso brasileiro, a imposição tarifária não é apenas econômica. Há um pano de fundo político distinto por trás da decisão, o que diferencia o Brasil de outros países afetados por medidas semelhantes adotadas por Trump.

“A situação do Brasil é muito particular, única no mundo inteiro, uma vez que imbui assuntos internos e políticos do país, que os Estados Unidos tentam buscam uma ingerência, na visão do governo brasileiro. É bastante particular. Obviamente, isso é fruto de uma grande pressão que vem do deputado federal Eduardo Bolsonaro, mas também de pressões de big techs norte-americanas, que enxergam no Judiciário brasileiro um grande risco reputacional”, explica o cientista político e analista de política internacional Vito Villar.

A alta tarifa imposta sobre os produtos brasileiros tem relação direta com decisões do Judiciário nacional — fato que foi confirmado pelo próprio Donald Trump em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o ex-presidente dos EUA saiu novamente em defesa de Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe em 2022.

Trump aproveitou a comunicação oficial para exigir a suspensão do julgamento do ex-presidente brasileiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também criticou as decisões da Justiça brasileira que afetaram plataformas norte-americanas, citando, por exemplo, as ordens do ministro Alexandre de Moraes, incluindo o bloqueio temporário da rede social X no Brasil.

Até agora, o governo Lula tem adotado uma postura diplomática, sem ceder às pressões vindas de Washington. As autoridades brasileiras buscam alternativas de negociação comercial com os EUA antes da entrada em vigor da tarifa, marcada para 1º de agosto, sem aceitar ingerências sobre o sistema judiciário nacional.

Enquanto isso, figuras próximas a Jair Bolsonaro, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, têm criticado as tratativas do governo brasileiro. Nos EUA desde fevereiro, o parlamentar pressiona por retaliações e acredita que Trump apenas voltará atrás na taxação caso haja interferência a favor de seu pai nos processos judiciais em curso no Brasil.

Ataques após acordos com Maduro

Desde o início do segundo mandato de Donald Trump, a relação dos Estados Unidos com a Venezuela tem oscilado entre pressão e concessões, com um momento atual marcado por críticas intensas ao governo de Nicolás Maduro, que Washington classifica como “chefe de cartel”.

Os Estados Unidos não reconhecem Maduro como presidente legítimo da Venezuela desde antes do segundo mandato de Trump, em função da falta de transparência nas eleições recentes do país. Nesta semana, o senador Marco Rubio reafirmou essa posição em comunicado, reiterando que Maduro não é um líder legítimo.

A diplomacia americana também qualificou o governo venezuelano como um “regime criminoso” que não deve se perpetuar, um discurso que surgiu após a oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, ter mantido encontros com autoridades dos EUA. Esse momento marca uma retomada das tensões entre Washington e Caracas, após meses de relativa calma.

Apesar das críticas, os Estados Unidos e a Venezuela têm mantido negociações que resultaram em acordos como a troca de prisioneiros e a autorização para que a Chevron retome operações no setor petrolífero venezuelano, demonstrando uma alternância entre confrontos e aproximações na relação bilateral.

Fonte: Política Alagoana

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