Um levantamento divulgado nessa segunda-feira (8) pela organização da sociedade civil Todos Pela Educação mostra que Alagoas teve um avanço significativo no número de matrículas no ensino médio integral (EMI). Em 2024, o estado registrou um crescimento de 29% em relação ao ano anterior.
Esse desempenho coloca Alagoas na sétima posição entre os estados brasileiros com maior expansão do EMI, superando a média nacional, que foi de 22%. O estudo teve como base dados do Ministério da Educação (MEC), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed).
Dos estados com crescimento acima da média nacional, seis pertencem à região Nordeste. Pernambuco lidera o ranking com uma alta de 71%, seguido por Piauí (58%), Ceará (53%), Paraíba (51%) e Sergipe (32%). O Espírito Santo, com 33%, completa o grupo dos oito estados com melhor desempenho.
Por outro lado, a pesquisa revela que oito unidades da federação ainda enfrentam grandes desafios no acesso ao ensino médio integral, com cobertura inferior a 10%. Os piores índices foram observados no Distrito Federal (2%), Santa Catarina (3%), Roraima (4%) e Mato Grosso (5%).
EVOLUÇÃO
Entre os anos de 2016 e 2024, Alagoas apresentou um crescimento significativo de 25,9 pontos percentuais nas matrículas do ensino médio integral, consolidando-se como o sétimo estado com maior avanço no país nesse período.
O destaque nacional ficou com o Piauí, que liderou o ranking ao registrar um aumento de 47,5 pontos percentuais. Em seguida, aparecem Paraíba (43,4 p.p.), Ceará (37,4 p.p.) e Espírito Santo (31,6 p.p.), todos com desempenhos expressivos na expansão dessa modalidade de ensino.
Em contraste, alguns estados registraram avanços tímidos ou até mesmo retrocessos nas matrículas. Rondônia teve a pior queda, com redução de 9,7 pontos percentuais. Santa Catarina também apresentou recuo (-3,6 p.p.), enquanto o Distrito Federal teve um crescimento quase estagnado, de apenas 1,1 ponto percentual.
Segundo a organização Todos Pela Educação, os resultados positivos observados nos estados com maior expansão demonstram que é possível ampliar o ensino médio integral de forma consistente, mesmo em cenários com limitações iniciais.
O estudo ainda destaca que redes com baixa cobertura atualmente podem se inspirar nas experiências bem-sucedidas. “As redes que ainda têm cobertura limitada podem se inspirar nessas trajetórias para impulsionar a expansão local dessa modalidade de ensino, considerando suas realidades locais, particularidades territoriais e desafios próprios”, afirma o relatório.
ESCOLAS
De acordo com o estudo, em 2024 o número de escolas que ofertam o ensino médio integral em Alagoas chegou a 47%, totalizando 112 unidades em todo o estado. Esse dado representa um crescimento expressivo de 39,1 pontos percentuais em comparação com o ano de 2016.
No total, Alagoas possui atualmente 34.021 alunos matriculados no ensino integral. Destes, 28.478 estão cursando o ensino médio nessa modalidade, o que reforça a consolidação dessa política educacional no estado.
Enquanto Alagoas avança, outros estados enfrentam retrocessos preocupantes. Santa Catarina, por exemplo, teve uma redução de 12,3 pontos percentuais na oferta do ensino médio integral entre 2016 e 2024. Rondônia apresenta uma queda ainda mais significativa, de 15 pontos, indicando possível descontinuidade na política pública.
A secretária de Estado da Educação, Roseane Vasconcelos, celebrou os resultados com entusiasmo. Segundo ela, esse avanço histórico coloca Alagoas à frente de muitos estados brasileiros e demonstra a efetividade das políticas educacionais implementadas. “Superamos a média nacional de 22%, o que evidencia nosso compromisso com uma educação transformadora”, afirmou.
Além disso, Vasconcelos fez questão de reconhecer o papel essencial dos educadores nesse processo. Para ela, os professores são os verdadeiros protagonistas da educação integral, graças ao seu preparo contínuo e dedicação diária. “Eles tornam o modelo possível, traduzindo a teoria em práticas eficazes em sala de aula”, destacou.
O ensino integral, conforme ressaltado pela secretária, não se limita ao aumento da carga horária. Ele proporciona aos estudantes uma formação mais completa, com desenvolvimento de habilidades, aprofundamento de conhecimentos e incentivo à construção de um projeto de vida — aspectos fundamentais para preparar a juventude alagoana para os desafios do futuro.
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
Segundo o Todos Pela Educação, a consolidação do ensino médio integral como política pública depende diretamente de seu alinhamento com os principais instrumentos de planejamento educacional dos estados. Entre eles, destacam-se os Planos de Governo, os Planos Estaduais de Educação (PEEs) e os Planos Plurianuais (PPAs).
Nesse contexto, Alagoas se destaca por estar entre os 27 entes federativos que incluíram a educação integral em seu PPA vigente, o que demonstra compromisso institucional com a expansão dessa modalidade de ensino.
A entidade reforça que os Planos Estaduais de Educação são ferramentas legais fundamentais para orientar as políticas educacionais nos estados. Esses planos são elaborados a partir das diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE), funcionando como referências estratégicas para a gestão educacional em cada unidade federativa.
Além disso, a legislação que regulamenta o PNE 2014-2025 estabelece que União, estados, Distrito Federal e municípios devem atuar em regime de colaboração para alcançar as metas previstas. Cabe, portanto, aos gestores públicos adotar as medidas necessárias para garantir sua plena implementação, conforme destaca o Todos Pela Educação.