quinta-feira, julho 31, 2025
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Em entrevista ao New York Times, Lula diz que pediu diálogo com Trump, mas que ‘ninguém quer conversar’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, em entrevista ao jornal The New York Times publicada na madrugada desta quarta-feira (30), que vem buscando diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas que “ninguém está disposto a conversar” sobre o tarifaço.

“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato”, afirmou Lula.

Ele prosseguiu: “Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”.

A entrevista marcou o primeiro diálogo direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o jornal norte-americano em 13 anos. O conteúdo foi traduzido para o inglês e amplamente divulgado pela Presidência da República como parte da estratégia de internacionalização do posicionamento brasileiro sobre o tarifaço.

As novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump contra produtos brasileiros estão previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), caso nenhuma mudança ocorra até lá. A medida estabelece uma sobretaxa de 50% sobre as importações vindas do Brasil, o que pode gerar impacto direto no comércio entre os dois países.

Durante a conversa com o jornal, Lula reforçou os posicionamentos que já vem expressando em discursos no Brasil. Ele enfatizou que o país não pretende negociar com os Estados Unidos adotando uma postura submissa, como se fosse um “país pequeno enfrentando um país grande”.

O presidente também foi questionado sobre as críticas públicas que tem direcionado a Donald Trump. Em diferentes ocasiões, Lula afirmou que “não é correto ameaçar as pessoas pela internet” e chegou a classificar o mandatário norte-americano como um “imperador”.

Apesar do tom firme, Lula reconheceu que as ameaças de sanção geram preocupação no governo brasileiro. No entanto, deixou claro que o Brasil não está “com medo” da postura dos Estados Unidos e que não aceitará imposições unilaterais sem diálogo.

“Nos sabemos o poder econômico dos EUA, reconhecemos o poderio militar dos EUA, reconhecemos a grandeza tecnológica dos EUA”, disse Lula. “Mas isso não nos deixa com medo.”

“Nas negociações políticas entre dois países, a vontade de nenhum deve prevalecer. Nós sempre precisamos encontrar um meio termo. Isso não é alcançado ‘estufando o peito’ e gritando coisas que você não pode entregar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo ‘amém’ a qualquer coisa que os Estados Unidos quiser”, prosseguiu.

Situação política

Na entrevista ao New York Times, Lula respondeu às ameaças feitas por Donald Trump sobre o processo envolvendo Jair Bolsonaro e reafirmou que o julgamento do ex-presidente será conduzido com total independência pelo Judiciário brasileiro, sem qualquer tipo de interferência política.

“Eu acho que é importante que o Trump considere: se ele quer ter uma briga política, então vamos ter uma briga política. Se ele quer falar de comércio, então vamos sentar e conversar sobre comércio. Mas você não pode misturar os dois”.

Lula também lamentou a falta de diálogo com Donald Trump, afirmando que o presidente norte-americano tem ignorado suas tentativas de negociação. Segundo ele, representantes do governo brasileiro já participaram de pelo menos dez reuniões com integrantes da Secretaria de Comércio dos Estados Unidos (USTR), sem obter retorno concreto.

“Espero que a civilidade retorne à relação entre Estados Unidos e Brasil. O tom da carta dele [Trump] foi definitivamente de alguém que não quer conversar”.

Fonte: Política Alagoana

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