Com a saída de nomes fortes do PL paulista rumo ao exterior, o partido já articula alternativas para fortalecer a chapa de candidatos a deputado federal nas eleições de 2026. A legenda busca figuras com potencial de votação expressiva, capazes de impulsionar a bancada na Câmara dos Deputados.
Ao contrário das eleições majoritárias, como as de presidente ou governador, o sistema proporcional exige que os votos somados dos candidatos determinem o número de cadeiras que cada partido ocupará. Por isso, nomes com alto desempenho nas urnas são estratégicos.
Entre as apostas do PL está Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que deve disputar uma vaga na Câmara. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, também planeja concorrer ao cargo de deputado federal.
Outro nome considerado promissor é o do vereador Lucas Pavanato, o mais votado nas eleições municipais de São Paulo, que tem ganhado destaque interno como possível puxador de votos.
“Caso eu dispute as eleições para deputado federal, terei boas chances. Mas, neste momento, minha prioridade é o mandato de vereador. Minha candidatura dependerá das necessidades do partido e do desejo do meu eleitorado. Tenho percebido que muitos eleitores e apoiadores gostariam de me ver em Brasília. Tendo isso em mente, e se o partido assim desejar, estou à disposição”, disse Pavanato ao Metrópoles.
Além de Lucas Pavanato, outro nome da Câmara Municipal de São Paulo que vem sendo mencionado por integrantes do PL é o da vereadora Zoe Martinez.
Lideranças do partido também destacam outros possíveis candidatos com força eleitoral, como os deputados federais Rosana Valle e Marco Feliciano, além dos deputados estaduais Gil Diniz e Major Mecca.
Esses nomes estão sendo considerados estratégicos para fortalecer a chapa do PL e contribuir com a formação de uma bancada expressiva na Câmara dos Deputados.
Debandada de campeões de voto
Nas eleições passadas, Carla Zambelli foi a deputada federal mais votada pelo PL em São Paulo. No entanto, após ser condenada a 15 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ela deixou o país no final de maio e passou a ser considerada foragida, com processo de extradição em curso na Itália.
Outro nome de peso que se afastou do cenário político nacional é Eduardo Bolsonaro. Segundo deputado mais votado pelo PL paulista, ele está licenciado da Câmara e vive nos Estados Unidos. Nos bastidores, especula-se que não pretende retornar ao Brasil. Mesmo que concorra ao Senado em 2026, como afirmam aliados, seus votos não impactariam mais a formação da bancada do PL na Câmara.
Além desses dois, outros nomes expressivos que contribuíram para a expressiva votação do partido também se desligaram da legenda. Ricardo Salles, terceiro mais votado, migrou para o partido Novo e cogita disputar o Senado ou o governo de São Paulo, caso Tarcísio de Freitas concorra à Presidência.
Guilherme Derrite, então quarto mais votado pelo PL no estado, agora filiado ao PP, também pretende disputar uma vaga no Senado nas próximas eleições. Com essas movimentações, o partido vê seus quadros mais votados se distanciarem ou mudarem de sigla.
Juntos, Zambelli, Eduardo, Salles e Derrite somaram 2,5 milhões de votos, o que representou 49% de toda a votação recebida pelo PL paulista para a Câmara dos Deputados — uma perda considerável para a legenda em termos de força eleitoral.
Bancada paulista do PL
- O PL tem 16 deputados federais por São Paulo, além dos licenciados (Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro).
- Em 2022, o partido fez 5,1 milhões de votos para a Câmara dos Deputados – o que representa 21,6% dos votos a deputado federal.
- Quase metade dos votos foram para os quatro candidatos mais votados, que fizeram 2,5 milhões de votos, mas não irão concorrer em 2026.
“Quem tem os votos é o Bolsonaro”
Na avaliação do deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), mesmo que os nomes cogitados para a eleição de 2026 não tenham a mesma popularidade dos candidatos lançados em 2022, o apoio de Jair Bolsonaro ainda será um trunfo importante para garantir votos ao partido.
“Quem tem os votos é o Bolsonaro. Se os votos fossem deles, a gente se preocupava, mas é de quem o Bolsonaro indicar.”
Rodrigues cita como exemplo o caso da deputada Joice Hasselmann: em 2018, com o apoio de Jair Bolsonaro, ela superou a marca de 1 milhão de votos. Já em 2022, após romper com o ex-presidente e se filiar ao PSDB, obteve pouco mais de 13 mil votos e não conseguiu se reeleger.
Na visão do deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP), que disputará a reeleição em parceria com a deputada federal Rosana Valle, o partido tem boas chances de manter a força na Câmara dos Deputados. “O PL vai ser protagonista. Quadros importantes serão substituídos por bons nomes”, destacou.
Além das apostas em novos candidatos, o partido acompanha de perto a possível migração do governador Tarcísio de Freitas para o PL, caso ele decida disputar a Presidência em 2026. Esse movimento poderia atrair diversos aliados de Tarcísio, atualmente no Republicanos, ampliando o número de nomes competitivos para a Câmara.