Protesto por Gabriel Lincoln | Reprodução Todo Segundo
A comoção pela morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, continua mobilizando a população de Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas. Na manhã dessa sexta-feira (23), familiares, amigos, lideranças comunitárias e representantes de entidades de direitos humanos realizaram uma nova manifestação em frente ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP),…
A comoção pela morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, continua mobilizando a população de Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas. Na manhã dessa sexta-feira (23), familiares, amigos, lideranças comunitárias e representantes de entidades de direitos humanos realizaram uma nova manifestação em frente ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), exigindo justiça e transparência nas investigações.
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, o grupo reforçou o clamor por respostas das autoridades. Algumas faixas traziam mensagens como “Justiça por Gabriel”. O ato foi encerrado com a oração do Pai Nosso e um grito coletivo por justiça.
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Cícero Silva, pai do jovem, participou da mobilização e, emocionado, declarou: “Tenho sede de justiça. Queremos justiça, mas também segurança e dignidade. Precisamos de apoio, não de silêncio”.
A morte de Gabriel durante uma perseguição policial, gerou ampla comoção e indignação, com pressão crescente para que os responsáveis sejam punidos.
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Sobre o caso
Na noite do sábado, 3 de maio de 2025, o adolescente de 16 anos, identificado como Gabriel Lincoln Pereira da Silva, faleceu após uma perseguição policial em Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas.
De acordo com as primeiras informações, Gabriel teria sido visto realizando manobras perigosas com uma motocicleta na avenida Bráulio Montenegro. Ao notar a aproximação de uma guarnição do Pelotão de Operações Especiais (Pelopes), ele teria desobedecido às ordens de parada, iniciando uma fuga pelas ruas da cidade.
A versão da polícia afirma ainda que, durante a perseguição, o adolescente sacou um revólver calibre .38 e disparou contra a viatura. Em resposta, os agentes efetuaram disparos, resultando em Gabriel sendo atingido. Ele foi imediatamente socorrido pelos próprios policiais e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, mas não sobreviveu aos ferimentos.

Ainda segundo os militares, uma arma teria sido apreendida no local da ocorrência. O laudo da necropsia aponta que o adolescente foi atingido um único disparo pelas costas, que perfurou o pulmão e o coração.
A família do jovem contesta a explicação apresentada pela Polícia Militar desde o início. Eles alegam que foram impedidos de acompanhar o atendimento médico e de obter informações sobre o estado de saúde do menor.
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Ainda segundo eles, o jovem estava trabalhando com os pais no quiosque de lanches e saiu para comprar alface quando o desfecho triste aconteceu.
A Polícia Civil iniciou as investigações do caso oficialmente na segunda-feira seguinte (5), mesmo dia em que o corpo do menor foi velado na casa da avó e enterrado sob grande comoção.
Em determinado momento, os rituais fúnebres precisaram ser interrompidos por alguns minutos para realização de perícia por parte de integrantes da Polícia Científica de Alagoas. O local foi esvaziado para que os peritos realizassem exames técnicos, incluindo o residuográfico, uma vez que a Polícia Militar alega que o adolescente atirou contra a guarnição durante uma perseguição.
O procedimento foi considerado anormal por familiares, sobretudo, porque o pai do adolescente já havia relatado que este mesmo exame foi negado pelo Instituto Médico Legal de Arapiraca, mesmo após pedido do advogado da família, sob a alegação de que o corpo já havia sido limpo.
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A investigação está sendo conduzida por uma comissão de delegados, que já iniciou as oitivas com testemunhas, familiares e moradores da região. Os depoimentos dos policiais – que estão desempenhando atividades adminsitrativas como medida preventiva – só serão colhidos após a coleta de outras provas.
Fazem parte dela os delegados Alexandre Leite, da Diretoria de Polícia Judiciária 3 (DPJ3), Sidney Tenório, diretor da DPJ1, e João Paulo Tenório, coordenador da DH da 5ª Região.
Imagens de câmeras têm surgido e auxiliado nas investigações.
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