quinta-feira, julho 31, 2025
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Aos seis meses do segundo mandato, Trump enfrenta queda no apoio à ofensiva contra imigrantes

Donald Trump completou meio ano de retorno à presidência dos Estados Unidos nesse domingo (20). Durante o período, o republicano pôs em vigência diversas promessas de campanha: reforçou o endurecimento das políticas migratórias, eliminou estruturas do governo federal, aboliu o Departamento de Educação e declarou guerra a pautas identitárias. Apesar do ritmo acelerado, sua política antimigratória, uma das marcas mais fortes do segundo mandato, começa a encontrar resistência crescente entre os norte-americanos.

Uma pesquisa divulgada neste domingo pela CNN mostra que 55% dos entrevistados consideram que as deportações conduzidas pelo governo Trump passaram dos limites, um crescimento de dez pontos percentuais em comparação com os dados de fevereiro. Outro destaque do levantamento é a rejeição à expansão de centros de detenção para migrantes: 57% são contrários à criação de milhares de novas vagas nesses locais, enquanto apenas 26% demonstram apoio à proposta.

Outro levantamento, encomendado pela emissora CBS, revela que 56% dos entrevistados acreditam que o governo Trump tem direcionado suas ações contra migrantes que não representam uma ameaça concreta, um aumento em relação aos 47% registrados no mês anterior. O apoio às políticas migratórias da atual gestão também vem diminuindo: caiu para 49%, dez pontos a menos do que em fevereiro e O apoio às expulsões em massa entre os eleitores do Partido Republicano permanece praticamente unânime, atingindo 91% de aprovação.

Trump celebra os primeiros seis meses de seu mandato, afirmando em publicação na plataforma Truth Social, neste domingo, que conseguiu ressuscitar um grande país, apesar da queda no apoio popular.

“Há um ano, nosso país estava MORTO, quase sem esperança de renascimento. Hoje, os Estados Unidos são o país mais respeitado do mundo”,destacou.

De acordo com o cientista político Romuald Sciora, do Instituto IRIS, a retórica adotada durante a campanha está sendo rigorosamente cumprida.

“Ele prometeu desmantelar o Estado, enfrentar a imigração com força e travar uma guerra econômica com os aliados tradicionais dos EUA. E está cumprindo o que disse. O custo, no entanto, pode ser altíssimo”, pondera.

“Donald Trump colocou em prática seu programa e as promessas de campanha ao cortar drasticamente o orçamento do Estado e fechar diversas agências. Ele cumpriu o que havia prometido: extinguiu o Departamento de Educação e demitiu milhares de funcionários públicos. Também aprovou uma lei orçamentária nos moldes do que havia anunciado durante a campanha”, explica.

“Antes da volta de Donald Trump, eu dizia que os Estados Unidos, em dois anos, se pareceriam mais com a Hungria de Viktor Orbán do que com a América de Obama ou Kennedy. Mas eu estava errado: não foram necessários dois anos — bastaram alguns meses”, disse o pesquisador.

Para Sciora, o balanço é “preocupante” e o os “ataques à democracia são numerosos”.

“A administração Trump-Vance enfraqueceu as prerrogativas do Congresso em benefício da Casa Branca, com o apoio da maioria republicana. O poder Judiciário passou a ser, em parte, controlado pelo Executivo. Até o Departamento de Justiça perdeu sua autonomia.Além disso, agências federais foram fechadas, universidades públicas e privadas sofreram intervenções diretas, e os grandes escritórios de advocacia foram alvo de intimidações.Não se via algo assim desde a década de 1930. Nem mesmo Viktor Orbán ousou ir tão longe”, afirmou.

“Donald Trump se orgulha de apresentar um mercado de trabalho dinâmico, com 150 mil novas vagas por mês e uma taxa de desemprego de 4,1%. Mas 70% desses empregos são precários: sem plano de saúde, sem férias remuneradas, com jornadas exaustivas e salários muito baixos”, afirma o pesquisador do IRIS. “São postos que nem um europeu nem um canadense aceitariam. E, diante da menor crise financeira, esses trabalhadores serão os primeiros a perder o emprego”.

Segundo Sciora, Trump lidera uma ofensiva inédita na história recente dos Estados Unidos, direcionada não apenas contra imigrantes em situação irregular, mas também contra alguns migrantes com status legal. “Todas essas ações foram promessas feitas aos eleitores e, de fato, estão sendo cumpridas ou pelo menos levadas adiante”, destacou à RFI.

Fonte: Política Alagoana

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