O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) divulgou nessa segunda-feira (14) que a inflação na Argentina apresentou estabilidade em junho, em relação ao mês anterior.
A inflação ficou em 1,6% no mês de junho, levemente acima dos 1,5% registrados em maio, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Mesmo com a alta moderada, os resultados ficaram abaixo das projeções do mercado, que estimavam um índice mensal de 1,9%.
No acumulado de 12 meses até junho, a inflação foi de 39,4%, uma desaceleração em relação aos 43,5% registrados no mês anterior. Em maio, o país havia alcançado a menor inflação mensal em cinco anos.
Inflação em queda livre no governo Milei
No início de 2024, a Argentina enfrentava uma inflação anual próxima dos 300%. Com a chegada do governo ultraliberal de Javier Milei, o país conseguiu uma queda expressiva nos índices, reduzindo a inflação acumulada para patamares de dois dígitos.
Em abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) formalizou um acordo com a Argentina, liberando um empréstimo de US$ 20 bilhões. A medida foi acompanhada por outro pacote financeiro: o Banco Mundial anunciou o envio de US$ 12 bilhões para apoiar a recuperação econômica do país.
Segundo o FMI, os recursos visam apoiar as reformas estruturais adotadas pelo governo Milei, com foco na estabilização econômica e na geração de empregos. O apoio internacional também é visto como uma tentativa de restaurar a confiança no mercado interno e externo.
Desde então, a administração argentina tem utilizado parte desses recursos para quitar dívidas do Tesouro junto ao Banco Central. A estratégia busca conter o endividamento público e aumentar a previsibilidade das políticas econômicas adotadas.
“Quebramos o último elo da corrente que nos mantinha presos. Eliminamos o controle cambial para sempre”, afirmou Milei, na época, em um vídeo de 22 minutos de duração, gravado diretamente da Casa Rosada.
No mesmo dia em que anunciou novas medidas econômicas, o governo da Argentina comunicou o fim das restrições para a compra de dólares por pessoas físicas. Após seis anos em vigor, o controle cambial — criado em 2019, durante a gestão de Mauricio Macri — foi revogado, liberando os cidadãos do limite de US$ 200 mensais para aquisição de moeda estrangeira no mercado oficial.
Desde 14 de abril, os argentinos passaram a comprar dólares livremente, sem teto de valor ou taxação adicional nas operações realizadas dentro do mercado oficial. A cobrança de impostos continua, no entanto, para gastos turísticos e compras internacionais realizadas com cartão de crédito.
FMI vê Argentina “na direção correta”
Em abril, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, declarou apoio às medidas econômicas adotadas pelo presidente argentino Javier Milei, classificando a condução da política fiscal como acertada. Para ela, o governo vem implementando ajustes considerados essenciais para estabilizar a economia do país.
Durante uma coletiva de imprensa na abertura de uma reunião do FMI, Georgieva destacou a importância de reformas econômicas, regulatórias e comerciais como instrumentos para fomentar o crescimento sustentável. Segundo ela, o desempenho da Argentina pode se tornar um exemplo positivo nesse contexto.
A dirigente também projetou uma perspectiva otimista para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) argentino. De acordo com Georgieva, a expectativa é de que o país registre uma alta de 5% em 2025, em comparação ao ano anterior — embora tenha ressaltado que o resultado final dependerá do cenário econômico global.