O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, afirmou ao Metrópoles nesta segunda-feira (8) que seu texto não prevê, de maneira alguma, anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, isso elimina qualquer possibilidade de Bolsonaro concorrer à Presidência da República no próximo ano, contrariando a condição imposta pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para abrir mão de sua pré-candidatura. “Anistia para Bolsonaro está fora de questão”, reforçou o parlamentar.
Segundo Paulinho, o PL visa criar obstáculos e não aceita concessões relacionadas à dosimetria. “Se eles não aceitam, não tem votação. Se eles aceitam o meu projeto, a minha proposta tá resolvida”, declarou à reportagem.
O relator também explicou que seu texto contempla Bolsonaro, embora não solucione totalmente os problemas do ex-presidente. “Só para ter uma ideia, a redução dele, no meu texto, cai de 27 anos e 3 meses para 2 anos e 4 meses. Quer benefício maior que esse?”, questionou.
Nesse domingo (7), em entrevista à Record, Flávio Bolsonaro destacou que a única condição para retirar sua pré-candidatura é a libertação do pai. Ele classificou essa exigência como uma questão de “justiça” e enfatizou que se trata não apenas de seu direito, mas de aproximadamente 60 milhões de brasileiros “sequestrados” junto com Jair Bolsonaro.
Flávio acrescentou que a desistência de sua pré-candidatura só ocorreria se o ex-presidente estivesse “livre, nas urnas, caminhando com seus netos, filhos de Eduardo Bolsonaro, pelas ruas de todo o Brasil”. “Esse é meu preço”, afirmou.
Vale lembrar que a Câmara dos Deputados aprovou, em 17 de setembro, a urgência do projeto de lei que concede perdão aos participantes de manifestações ocorridas desde 30 de outubro de 2022, beneficiando os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A votação teve 311 votos favoráveis, 163 contrários e 7 abstenções.
Apesar do avanço do projeto na Câmara, Paulinho da Força acredita que ele não terá sustentação no Senado.
Abrir mão de candidatura tem preço
No último fim de semana, Flávio Bolsonaro estipulou o “preço” para abrir mão de sua pré-candidatura: a votação e aprovação da anistia que garantiria a liberdade de seu pai, atualmente cumprindo pena de 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma trama golpista para se manter no poder.
A escolha de um membro da família Bolsonaro como candidato do PL nas eleições de 2026 foi comunicada a interlocutores próximos apenas na semana passada. Essa foi a primeira vez que o ex-presidente, preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília, expressou sua intenção de apoiar uma candidatura, por meio de seu filho primogênito.
Segundo Bolsonaro, a estratégia é fortalecer o filho 01 para a disputa presidencial, fazendo com que ele se comporte como postulante ao Palácio do Planalto e realize agendas pelo Brasil.
A decisão, porém, desapontou os caciques partidários, que esperavam uma escolha mais pragmática, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Do lado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a notícia foi bem recebida, pois mantém o embate com o bolsonarismo.
Uma nova pesquisa Datafolha, divulgada no último sábado (6/12), indica que o senador Flávio perderia para Lula em um eventual segundo turno. No cenário estimulado, o presidente teria 51% das intenções de voto, contra 36% de Flávio.


