O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou nesta segunda-feira (24) a ruptura com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ). O afastamento ocorre em meio a uma sequência de declarações críticas do deputado petista contra Motta, em um processo de desgaste que atingiu seu ápice durante a tramitação do projeto de Lei Antifacção.
Nos últimos meses, o distanciamento entre a direção da Câmara e o Palácio do Planalto vem se intensificando. A situação se agravou após a designação do deputado Guilherme Derrite (PL-SP) como relator da proposta, uma decisão que desagradou ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em reação à escolha, Farias concedeu diversas entrevistas criticando publicamente o presidente da Casa. Em uma das declarações, afirmou sobre a seleção do relator: “Ele conseguiu fazer uma lambança em um tema muito importante […] primeiro pela escolha do relator, porque é um projeto de autoria do Executivo, a gente não estava exigindo um relator do PT; tinha que ser alguém neutro, que tivesse um diálogo”.
Anteriormente, durante um evento com a presença do presidente da Câmara no palco, Lula havia feito comentários críticos sobre o Poder Legislativo. Na ocasião, o chefe do Executivo afirmou que o Congresso Nacional nunca teve qualidade tão “baixo nível como tem agora”, posicionamento que, segundo relatos de colaboradores próximos, também teria causado desconforto a Motta.
Conforme relatou uma fonte próxima ao presidente da Câmara, não há mais espaço para negociação com o petista: “Não tem coisas vindas dele, o presidente não acolhe”, afirmou.
Tensão também no Senado
No Senado Federal, o ambiente igualmente apresenta desafios para o governo. Após a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal na semana passada, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), mantém-se sem contato com integrantes do Executivo.
Alcolumbre teria se sentido desconsiderado por Lula com a nomeação de Messias, uma vez que defendia a indicação de seu aliado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a cadeira no STF.
Como reação à indicação, Alcolumbre anunciou, no mesmo dia, a inclusão na pauta de um projeto que vai contra interesses do governo, que trata da regulamentação da aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate a endemias.


