Paulo Cintra, advogado do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), Paulo Cintra, afirmou que não recebeu qualquer comunicação sobre a saída de seu cliente do território nacional. Apesar das medidas restritivas que impediam sua ausência do país, Ramagem foi localizado acompanhado da esposa em Miami, nos Estados Unidos. Dois requerimentos de prisão foram apresentados ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o parlamentar sob alegação de “risco de fuga”, e o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva do congressista.
Nesta sexta-feira (21), Cintra declarou que “como a decisão do deputado de se ausentar do país só foi comunicada à defesa técnica nesta semana, seu advogado não se manifestará, por ora, sobre o fato e seus desdobramento”.
Agentes da Polícia Federal (PF) investigam as circunstâncias da partida do parlamentar do Brasil. As informações disponíveis indicam que ele está fora do país desde setembro e que se dirigiu inicialmente a Boa Vista (RR). A PF busca esclarecer se o deputado deixou o Brasil pela Venezuela ou pela Guiana Francesa, países que fazem fronteira com a capital de Roraima, antes de prosseguir viagem para os Estados Unidos.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), também afirmou desconhecer a viagem de Ramagem ao exterior. Sóstenes informou que dialogará com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em busca de apoio contra a ordem de prisão do colega de bancada. O principal representante da oposição demonstrou confiança em reverter no plenário da Casa a decisão contra o aliado.
O líder do PL declarou acreditar no apoio de Motta contra o pedido de prisão e que os deputados votarão com a oposição para sustar a determinação do STF. “Ele tem mandato. Vamos esperar a Câmara deliberar sobre. Vamos fazer campanha contra [a prisão]. O presidente [Motta] já foi muito solícito quando votou a sustação, e tivemos uma votação expressiva. Não sei se vamos repetir”, disse.
Sóstenes fez referência à mobilização do PL para suspender a ação penal contra Ramagem, relacionada a atos de 8 de Janeiro. A medida foi aprovada em Plenário por 315 votos a favor, 143 contra e 4 abstenções, em maio, em uma manifestação da oposição e centrão contra o que classificam como ofensiva da Suprema Corte contra a Câmara.
Ramagem mantém proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ocupou o cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo anterior. O deputado foi condenado no processo sobre tentativa de golpe de Estado. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele integrava o denominado “núcleo crucial” da trama, sendo responsável por fornecer suporte técnico à organização.


