quarta-feira, novembro 5, 2025
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Inimigo de Trump, socialista Zohran Mamdani é eleito prefeito de NY

O democrata Zohran Mamdani, de 34 anos, foi eleito prefeito de Nova York, tornando-se o primeiro muçulmano e o mais jovem a comandar a maior cidade dos Estados Unidos. A eleição, realizada nesta terça-feira (4/11), contou com a participação de mais de 2 milhões de eleitores, registrando o maior comparecimento às urnas em quase um século. Com 89% das urnas apuradas, Mamdani conquistou 50,3% dos votos e assumirá como o 111º prefeito da cidade. Após a vitória, o democrata publicou um vídeo simbólico nas redes sociais, mostrando as portas de um metrô se abrindo ao som da frase: “Próxima e última parada: City Hall”, em alusão ao prédio da Prefeitura de Nova York.

Na disputa, o ex-governador Andrew Cuomo, que concorreu como independente após perder as primárias democratas, ficou em segundo lugar com 41,6%. Ele contou com o apoio do ex-presidente Donald Trump, que chegou a ameaçar cortar verbas federais para Nova York caso o socialista vencesse o pleito. Já o apresentador de rádio Curtis Sliwa, representante do Partido Republicano, terminou em terceiro lugar com 7,1% dos votos.

Natural de Kampala, Uganda, Mamdani é filho de mãe indiana e pai ugandês. Passou parte da infância na Cidade do Cabo, na África do Sul, e mudou-se para Nova York aos sete anos, crescendo no bairro do Queens. Fluente em seis idiomas, ele estudou na prestigiada Bronx High School of Science e se formou em artes pelo Bowdoin College. É filho do professor Mahmood Mamdani, da Universidade de Columbia, e da cineasta Mira Nair, conhecida por filmes como Mississippi Masala e Monsoon Wedding.

Antes de ingressar na política, Mamdani teve experiências diversas, atuando como artista de hip-hop e conselheiro habitacional. Sua trajetória política começou em 2020, quando foi eleito deputado estadual pelo Partido Democrata. Integrante da ala progressista da legenda, ele é filiado aos Socialistas Democráticos da América, grupo que defende políticas públicas voltadas para justiça social, moradia e transporte acessível.

Carismático e próximo de influenciadores digitais, Mamdani construiu uma campanha moderna e altamente engajada nas redes sociais. Apostou na produção de vídeos em várias línguas — incluindo bengali, espanhol e árabe — para dialogar com o público imigrante, que representa mais da metade da população da região metropolitana de Nova York. Seu estilo de comunicação direta e autêntica fez com que fosse comparado a líderes de campanhas marcantes, como Donald Trump em 2016, embora suas propostas sejam voltadas à esquerda e à inclusão social.

As principais propostas de Mamdani

  • Congelamento de aluguéis;
  • Transporte público gratuito;
  • Creches universais;
  • Supermercados subsidiados;
  • Imposto sobre os moradores mais ricos;
  • Aumento na alíquota do imposto corporativo municipal.

Inimigo de Trump

A ascensão de Zohran Mamdani ocorreu principalmente durante a presidência de Donald Trump, quando o socialista se posicionou como antagonista do líder da Casa Branca. Essa postura ajudou Mamdani a conquistar apoiadores engajados, mas também gerou uma base de desafetos entre conservadores e republicanos.

Trump se tornou um crítico ferrenho de Mamdani, chegando a chamá-lo de “o comunista”. Nos dias que antecederam a eleição, o republicano ameaçou cortar verbas federais destinadas a Nova York caso o democrata fosse eleito prefeito. Em um comunicado, Trump escreveu: “Se o candidato comunista Zohran Mamdani vencer a eleição para prefeito da cidade de Nova York, é altamente improvável que eu contribua com fundos federais, além do mínimo exigido, para minha amada cidade natal, porque, como comunista, esta cidade, que um dia foi grandiosa, tem zero chance de sucesso, ou mesmo de sobrevivência!”

O presidente também indicou que o envio de recursos federais para a cidade poderia ser interrompido caso Mamdani vencesse, algo que preocupa autoridades diante do impasse orçamentário. Em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, Trump reforçou: “Ele é comunista, não socialista. É bem pior que um socialista”.

Na segunda-feira, Trump declarou apoio ao ex-governador Andrew Cuomo, que perdeu as primárias democratas e disputou como candidato independente. O presidente desencorajou o voto no republicano Curtis Sliwa, afirmando: “Um voto em Sliwa é um voto em Mamdani. Independentemente de você gostar ou não de Cuomo, não há outra escolha. Vote nele e torça para que faça um ótimo trabalho. Ele é capaz disso — Mamdani não”.

A resposta de Mamdani veio minutos depois da declaração de Trump. O democrata aproveitou para criticar Cuomo, chamando-o de “papagaio de Trump” e destacando a proximidade entre o ex-governador e o republicano nos últimos dias de campanha. Mamdani declarou: “Já sabemos há muito tempo que Andrew Cuomo é o fantoche de Donald Trump nesta corrida. O que não esperávamos era que ele se tornasse o papagaio de Trump nos últimos dias também. Ouvimos palavras de um ex-governador deste estado que imaginávamos vir do presidente deste país”.

Cidade dividida

Nova York é conhecida tanto pela diversidade cultural quanto pelas desigualdades sociais, o que molda os debates políticos da cidade. Zohran Mamdani conseguiu conquistar apoio significativo entre eleitores preocupados com o alto custo de vida, especialmente em relação a aluguel e transporte, embora enfrente resistência de setores empresariais e de correntes mais tradicionais do Partido Democrata.

O candidato também precisou abordar questões delicadas, como segurança pública e relações internacionais. Depois de críticas à polícia em 2020, Mamdani se retratou e, atualmente, propõe manter o efetivo do NYPD, criar departamentos de segurança comunitária e priorizar a saúde mental em chamadas não violentas, buscando equilíbrio entre ordem e cuidado social.

Além disso, a eleição para a prefeitura de Nova York serve como um termômetro político nacional. O resultado poderá indicar como os norte-americanos estão reagindo ao segundo mandato de Donald Trump, às paralisações do governo e à crescente polarização entre democratas e republicanos, refletindo tendências que podem influenciar eleições futuras.

Fonte: Política Alagoana

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