Enquanto representantes de diferentes correntes políticas enxergam de forma crítica o episódio, aliados próximos ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) interpretam o ataque ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o ato bolsonarista do último domingo (7), como um sinal claro de que ele pretende disputar a reeleição em São Paulo em 2026.
Apesar de seu discurso com tom nacional, Tarcísio tem reafirmado publicamente nos últimos meses a intenção de permanecer no Palácio dos Bandeirantes.
Dois aliados próximos de Tarcísio, que falaram ao Metrópoles sob condição de anonimato, afirmam que o governador age de forma estratégica e dificilmente comprometeria sua relação com o Supremo se tivesse como meta disputar a Presidência da República contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo eles, ao chamar Alexandre de Moraes de “ditador” durante o ato na Avenida Paulista, Tarcísio reagiu ao “calor do momento” e à pressão da multidão gritando “Fora, Moraes”, mas teria calculado cuidadosamente a intensidade do gesto.
A abordaem mais radical de Tarcísio, iniciada cerca de uma semana atrás com articulações em Brasília para viabilizar a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, teria como principal objetivo cumprir compromissos de lealdade exigidos por Jair Bolsonaro e seus filhos. Ao mesmo tempo, a movimentação reforçaria sua imagem como representante autêntico do bolsonarismo em São Paulo, neutralizando eventuais candidatos mais à direita que pudessem disputar o eleitorado conservador do interior. Pesquisas recentes indicam Tarcísio como favorito à reeleição em 2026.
Segundo um dos aliados, faria pouco sentido que Tarcísio radicalizasse o discurso apenas para agradar o clã Bolsonaro, correndo o risco de afastar eleitores do centro em uma possível corrida presidencial. Para esse aliado, o governador, padrinho político do ex-presidente, dificilmente perderia os votos bolsonaristas em um confronto com Lula em 2026. Após o ato na Avenida Paulista, ambos destacam que Tarcísio recuou e deve reduzir as críticas a Alexandre de Moraes, considerado o principal algoz do bolsonarismo.