Na última sexta-feira (1º), o PL, partido de Jair Bolsonaro, comemorou o que considera um avanço na guerra de narrativas contra o governo Lula nas redes sociais. O partido vê como sinal de êxito a repercussão online sobre o chamado “tarifaço” dos EUA e as críticas da Casa Branca ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A legenda atribui o desempenho a uma nova estratégia de comunicação, que pretende dominar o debate digital, especialmente na plataforma X, e enfraquecer o discurso governista em temas sensíveis envolvendo a Corte.
Ainda na última sexta, a hashtag “Brasil acima do STF” chegou ao topo dos assuntos políticos mais comentados na rede X, acumulando cerca de 123 mil menções. Logo depois, “Brasil com Bolsonaro” também ganhou força e entrou entre os destaques.
A campanha da esquerda, “Brasil com STF”, ficou em segundo lugar. Diante do resultado, lideranças do PL celebraram nos bastidores e passaram a compartilhar prints que registravam o desempenho da mobilização digital.
Em vez de concentrar o discurso no tarifaço, a estratégia do grupo priorizou ataques à atuação do STF em casos de grande repercussão. Para alimentar a narrativa, influenciadores da direita resgataram temas com forte apelo nas redes, como os supersalários no Judiciário, buscando mobilizar a opinião pública.
Após derrotas nas últimas disputas de narrativa online, o PL decidiu reorganizar suas tropas digitais. A avaliação interna é de que o governo Lula conseguiu capitalizar apoio popular com o discurso de “ricos contra pobres”, no embate sobre o IOF, e reforçou sua imagem ao defender a “soberania nacional” diante das tarifas impostas pelos EUA ao Brasil. Como resposta, a legenda acelerou sua máquina de comunicação e definiu como prioridade reagir imediatamente a qualquer investida digital da esquerda.
No centro dessa rearticulação estão os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Gayer (PL-GO), que comandam o grupo de trabalho criado pelo partido após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, impor duras restrições a Jair Bolsonaro, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno e aos fins de semana.
Trump aciona sanção contra Moraes em meio a tensão diplomática
Em um gesto simbólico com carga política, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acionou na quarta-feira (30) a chamada Lei Magnitsky para sancionar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
A legislação norte-americana é voltada a estrangeiros acusados de violações de direitos humanos, sobretudo quando afetam cidadãos dos EUA. A decisão ocorre no mesmo contexto em que o governo norte-americano impôs tarifas ao Brasil e cresce a pressão internacional sobre figuras-chave do Judiciário brasileiro.
A medida imposta pelos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes tem caráter econômico e afeta diretamente sua capacidade de operar financeiramente em território americano. Com a sanção, ele fica proibido de realizar transações com empresas dos EUA, inclusive de utilizar cartões de crédito com bandeira norte-americana.
Além disso, cidadãos americanos estão impedidos de manter qualquer relação comercial com o ministro. Seus bens e contas bancárias localizados em solo ou instituições dos Estados Unidos são congelados, assim como qualquer empresa ou patrimônio que ele possua no país tem suas atividades bloqueadas.
Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros com o objetivo de pressionar o Supremo Tribunal Federal a suspender os inquéritos contra Jair Bolsonaro. Antes dessa sanção, aliados do ex-presidente apontavam motivos econômicos para a medida.
No entanto, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem deixado claro que a retirada das sanções dependerá do fim, segundo ele, da perseguição judicial contra seu pai, bem como da aprovação de um projeto de anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.