Em meio à sanção imposta pelo governo dos Estados Unidos, o ato bolsonarista marcado para domingo (3/8) na Avenida Paulista promete intensificar as críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação contará com a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O pastor Silas Malafaia e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), principais organizadores do evento, devem fazer os discursos mais contundentes contra Moraes. Diferentemente de Tarcísio e, em menor medida, do próprio Bolsonaro, que passaram a moderar suas críticas após Bolsonaro se tornar réu no STF por tentativa de golpe de Estado, Malafaia e Nikolas costumam ser incisivos em suas falas contra o ministro.
Na quarta-feira (30), Alexandre de Moraes foi alvo da sanção da Lei Magnitsky, aplicada pelo governo do presidente Donald Trump, aliado de Bolsonaro. A medida proíbe a entrada do ministro nos Estados Unidos e impede transações financeiras no país e com empresas americanas.
No mesmo dia, comemorado pelos bolsonaristas, o deputado Nikolas Ferreira anunciou nas redes sociais que vai protocolar um pedido de impeachment contra Moraes. Ele também afirmou que participará de um ato em Belo Horizonte pela manhã antes de seguir para a manifestação em São Paulo no início da tarde.
Silas Malafaia é conhecido por concentrar seus discursos em ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes. Em várias ocasiões, durante manifestações na Avenida Paulista, o pastor já o chamou de “ditador de toga”. Recentemente, nas redes sociais, tem compartilhado vídeos em que usa um novo apelido para o ministro: “Alexandre, o pequeno”, uma referência irônica ao antigo rei da Macedônia, Alexandre Magno, também chamado de “Alexandre, o Grande”.
Além disso, Malafaia gravou um vídeo criticando governadores de direita por não se manifestarem contra Moraes. Entre os citados estão Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Depois da repercussão, o pastor publicou um novo vídeo pedindo desculpas a Zema.
Em entrevista ao Metrópoles, Malafaia afirmou que nenhum governador deveria comparecer ao ato na Avenida Paulista, embora possa ser que participem das manifestações em seus próprios estados.
Tarcísio de Freitas, por sua vez, não deve estar presente na manifestação de domingo na Paulista, pois tem uma radioablação por ultrassonografia da tireoide marcada para a tarde do mesmo dia. O procedimento ocorrerá no Hospital Albert Einstein, na zona oeste de São Paulo, com alta prevista para o mesmo dia.
Manifestações “pulverizadas”
Por conta da medida cautelar determinada por Moraes em 18 de julho, que proíbe Bolsonaro de sair de casa aos finais de semana, o ex-presidente não poderá participar das manifestações convocadas em sua defesa. Em razão dessa ausência, os bolsonaristas elaboraram um novo plano, organizando atos espalhados por diversas cidades do país.
“Não estamos preocupados com a aglomeração, mas com o engajamento. [A estratégia] é pulverização”, afirmou o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que, assim como Nikolas Ferreira, vai ao ato em seu estado pela manhã e à manifestação em São Paulo à tarde.
Alguns políticos optaram por permanecer em seus estados de origem para participar das manifestações. É o caso do líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), que estará presente no ato em Porto Alegre. Da mesma forma, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), marcará presença na manifestação em Natal.
Entre os nomes tradicionais nas mobilizações bolsonaristas está o senador Magno Malta (PL-ES), que deve participar das ruas no Espírito Santo.
Entretanto, o público das manifestações vem diminuindo ao longo do tempo. Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro participou de sete atos nas ruas. O primeiro, realizado em 25 de fevereiro do ano passado, reuniu cerca de 185 mil pessoas em São Paulo. Já o mais recente, em 29 de junho, levou apenas 12,4 mil pessoas à Avenida Paulista — uma queda de 93%, conforme levantamento do monitor da USP.