Quatro familiares da fisioterapeuta Gabriela Batista Pagidis, apontada como funcionária fantasma, teriam sido contratados pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados. Entre eles estão a mãe, Athina Batista Pagidis; a irmã, Barbara Pagidis Alexopoulos; a tia, Adriana Batista Pagidis França; e o primo, Felipe Pagidis França. De acordo com informações do jornalista Tácio Lorran, todos estariam ocupando cargos desde 2025.
A mãe de Gabriela, Athina Pagidis ocupou o cargo desde sua nomeação em fevereiro de 2011 até julho de 2019. Já Barbara Pagidis, irmã de Gabriela, trabalhou no gabinete do deputado Hugo Motta em dois momentos: inicialmente entre julho de 2012 e outubro de 2015, e após novembro de 2021 a dezembro de 2024.
Adriana Pagidis, tia de Gabriela, integrou o gabinete de Hugo Motta entre setembro de 2017 e dezembro de 2022. Seu filho, Felipe Pagidis, também ocupou cargo no mesmo gabinete, com passagem registrada de novembro de 2021 até março de 2023. Em suas redes sociais, Felipe se identifica como músico e artesão especializado na fabricação de guitarras, conhecido como guitarmaker.
Veja a linha do tempo:

Somados, os salários pagos aos cinco membros da família Pagidis enquanto atuaram no gabinete do deputado federal Hugo Motta ultrapassam R$ 2,8 milhões, desde que ele assumiu o cargo em 2011. Embora não haja comprovação de irregularidades envolvendo os demais parentes, a situação de Gabriela Pagidis chama atenção: conforme revelado nessa terça-feira (15/7), ela recebeu sozinha mais de R$ 805,7 mil ao longo de oito anos, período em que é apontada como funcionária fantasma.
Confira o total de salários:
- Adriana Pagidis: R$ 244.858,89;
- Athina Pagidis: R$ 919.917,83;
- Barbara Pagidis: R$ 710.579,65;
- Felipe Pagidis: R$ 94.702,19.
Todos eles ocuparam funções de secretários parlamentares, exceto Felipe que tinha o Cargo de Natureza Especial (CNE). Levantamento da coluna registrou uma variação de salários ao longo dos meses. Os valores aumentavam ou caíam abruptamente com mudança de cargo entre níveis muito diferentes, o que não é usual. É como se fossem promoções e rebaixamentos de posto – às vezes, mais de uma vez no mesmo ano.
Com exceção de Felipe Pagidis, que ocupava um Cargo de Natureza Especial (CNE), todos os demais membros da família exerceram funções de secretário parlamentar no gabinete do deputado Hugo Motta. Um levantamento feito pela reportagem identificou oscilações bruscas nos salários ao longo dos meses. Essas variações estavam ligadas a trocas frequentes de cargos, muitas vezes entre níveis com remunerações bastante distintas, o que foge ao padrão comum na estrutura da Câmara. Em determinados períodos, os registros indicam o que se assemelha a promoções e rebaixamentos sucessivos, em alguns casos ocorrendo mais de uma vez dentro do mesmo ano.
A coluna de Tácio Lorran procurou Adriana, Athina, Barbara e Felipe por telefone e por mensagem de texto em diferentes ocasiões. Não houve resposta. O deputado Hugo Motta também não se manifestou.
Até o momento, a equipe do deputado Hugo Motta não ofereceu declarações a respeito da nomeação dos parentes de Gabriela Pagidis. Sobre as acusações envolvendo a suposta funcionária fantasma, a assessoria do presidente da Câmara encaminhou a seguinte nota:
“O presidente Hugo Motta preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários de seu gabinete, incluindo os que atuam de forma remota e são dispensados do ponto dentro das regras estabelecidas pela Câmara.”