Na última quarta-feira (2), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou uma nota em sua conta oficial no X (antigo Twitter), onde se posiciona contra o projeto de lei que busca legalizar bingos, cassinos e o jogo do bicho no Brasil. A publicação foi compartilhada com seus 3,4 milhões de seguidores e reforça a oposição do parlamentar à regulamentação dessas práticas no país.
Apesar da postura pública contrária à legalização, Flávio tem o hábito de frequentar cassinos fora do Brasil, sobretudo nos Estados Unidos. A mais recente viagem conhecida com esse propósito aconteceu em janeiro deste ano, quando ele esteve no Seminole Hard Rock Hotel & Casino, em Miami, acompanhado do advogado Willer Tomaz.
Segundo apuração do colunista Lauro Jardim, de O Globo, ao final da visita ao cassino, Willer Tomaz teria sacado US$ 236 mil em dinheiro vivo, em uma área reservada do local. O episódio reacendeu questionamentos sobre a coerência entre o discurso e as ações do senador.
Vale lembrar que não é a primeira vez que Flávio Bolsonaro visita cassinos internacionais. Em janeiro de 2020, logo no início do governo Jair Bolsonaro, ele participou de uma viagem oficial custeada pelo Senado, também aos Estados Unidos, onde integrou uma comitiva da Embratur. Um dos compromissos foi justamente um encontro com Sheldon Adelson (1933–2021), magnata do setor de jogos.
A presença de Flávio na missão internacional ocorreu ao lado do senador Irajá (PSD-TO), que, curiosamente, é o relator atual do projeto de lei que propõe a legalização dos cassinos no Brasil. O contraste entre as agendas pessoais e o posicionamento político continua gerando repercussão.
Embora tenha sido visto em cassinos no exterior, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) mantém posição contrária à legalização dos jogos de azar no Brasil. Durante a votação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em junho de 2023, ele votou contra a proposta, que acabou sendo aprovada por 14 votos a 12.
A nota publicada por Flávio nas redes sociais é assinada pelo Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), que representa lideranças de diversas igrejas protestantes. O documento expressa preocupação com os impactos sociais da legalização dos jogos, destacando o risco de endividamento e o aumento dos casos de ludopatia (vício em apostas). Ao compartilhar a nota, o senador escreveu: “Nota de repúdio à aprovação da jogatina!”
No momento, o projeto está pronto para ser votado no Plenário do Senado. De acordo com parlamentares que acompanham o tema, a expectativa é que a matéria entre na pauta ainda na próxima semana, antes do recesso legislativo, previsto para começar em 18 de julho.
Como já teve aval da Câmara dos Deputados, o texto seguirá para sanção presidencial caso também seja aprovado no Senado. A proposta prevê a liberação de bingos, cassinos, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalos no país.
Procurado pela reportagem para comentar a contradição entre seu posicionamento e seus hábitos pessoais, Flávio Bolsonaro não respondeu até o fechamento desta matéria.