Diante de derrotas recorrentes na Câmara dos Deputados e do desgaste na relação com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), o governo do presidente Lula (PT) tem apostado na articulação de Arthur Lira (PP-AL) para recuperar parte do apoio legislativo e tentar fechar o semestre com avanços concretos.
Mesmo fora da presidência da Câmara, Lira segue com grande influência sobre os parlamentares e foi designado relator do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda. A entrega do parecer está prevista para 27 de junho, e a expectativa é de que a proposta seja votada antes do recesso parlamentar, que começa em 17 de julho.
A nomeação de Lira como relator faz parte de uma tentativa do Planalto de reduzir a tensão que se instalou nas últimas semanas entre Executivo e Legislativo, marcada por reveses importantes.
Entre os episódios que agravaram o cenário estão a aprovação da urgência para barrar o aumento do IOF, os avanços da CPMI do INSS e a derrubada de vetos estratégicos para o governo.
Acerca das dificuldades para liberar emendas e da postura crítica do presidente da Câmara, Hugo Motta, o Palácio do Planalto enxerga no projeto do Imposto de Renda uma chance de reconquistar apoio político e demonstrar compromisso com a classe média.
Arthur Lira, relator da proposta, tem atuado nos bastidores com atenção redobrada ao impacto da medida sobre Estados e municípios. Segundo apuração da Carta Capital, o deputado deve incluir salvaguardas em seu parecer para evitar a oposição de governadores e prefeitos, setores sensíveis ao equilíbrio fiscal.
Ao mesmo tempo, o governo busca proteger o texto contra novos embates no plenário, principalmente em relação ao mecanismo de compensação tributária previsto no projeto.
A aprovação antes do recesso parlamentar, marcado para 17 de julho, é considerada crucial para o Planalto mostrar capacidade de articulação no Congresso e aliviar a pressão crescente sobre a área econômica e os operadores políticos do governo.